Sucuri na estação de tratamento de esgoto

Vídeo mostra sucuri vivendo em uma estação de tratamento de esgotos; biólogo explica comportamento da serpente

Por Gustavo Guedes
Com exclusividade para o Por Dentro do RN

Parece que nem só de rodeios e caubóis vive a cidade de Barretos, em São Paulo. Em vídeo publicado na Internet, uma sucuri-verde (Eunectes murinus) resolveu aparecer nadando em uma estação de tratamento de esgotos do município. O fato curioso, pelo menos para os leigos, acabou despertando a curiosidade das pessoas, que filmaram o animal.

Antes de tudo, vale salientar que as sucuris, embora grandes, não são peçonhentas (possuem dentição áglifa, isto é, dentes maciços e incapazes de inocular peçonha) e costumam matar suas presas por constrição, asfixiando-as. Além disso, de acordo com herpetólogos que estudam o comportamento predatório dessa espécie de serpente, embora existam relatos informais, não há nenhum caso na literatura que relate a presença de seres humanos no trato digestivo de uma sucuri-verde.

Sucuri sobrevivendo em estação de tratamento
Eunectes murinus no campus da Universidade Federal do Pará
Foto: Ilustração/Wagner Meier

O Por Dentro do RN entrou em contato com um especialista no comportamento predatório de serpentes da família dos boídeos (anacondas, sucuris, serpentes arco-íris e jiboias) para tentar compreender as razões pelas quais o animal estaria convivendo normalmente nas águas poluídas de uma estação de tratamento de esgotos.

De acordo com o herpetólogo formado pela UFRRJ, Henrique Charles, é normal que as serpentes sucuris existam nas redondezas da estação de tratamento. “O que pode ter acontecido, neste caso específico, é que a sucuri-verde pode ter sido atraída pelas águas quentes do local e se alojado ali por um tempo”. Além disso, o biólogo também sugere que a presença de fezes de aves no local também indica que a serpente pode ter se alimentado recentemente.

Henrique tem um dos maiores canais sobre Herpetologia do mundo e gravou um vídeo explicando o flagrante em detalhes. Logo no início, o biólogo atenta para o fato de que a serpente “acabou de se alimentar e está com dificuldade de submergir nas águas da estação”, disse. O vídeo completo com a explicação pode ser assistido logo abaixo ou clicando aqui.

Ao ser perguntado se a poluição do local não interferiria na saúde do animal, o herpetólogo diz que “a poluição sempre interfere, mas a vida não deixa de existir”, continua. “É certo que elas estão mais suscetíveis a infecções bacteriológicas ou de parasitas, ou ainda de tumores, mas elas também podem não ter nenhum problema”, conclui Henrique. O biólogo ainda diz que o vídeo foi enviado pelo inscrito Rafael Crispim com exclusividade.

Foto: Reprodução/Instagram/Rafael Crispim

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