Insatisfeitos com novo reajuste no diesel anunciado pela Petrobras para esta quarta-feira (29), caminhoneiros do Rio Grande do Norte cogitam paralisar atividades em manifestação contra a alta dos combustíveis. No entanto, o protesto depende de um entendimento entre representantes da categoria de outras regiões do país, segundo o caminhoneiro Valdir Ferreira, presidente da Cooperativa do Caminhoneiro Urbano do Rio Grande do Norte.
“Não faço isso agora [manifestação] de improviso porque a gente precisa dialogar com o pessoal do Sul, não é o Rio Grande do Norte que vai resolver o problema do Brasil sozinho. A gente vai conversar com outros caminhoneiros, com outros representantes para saber como proceder porque do jeito que está não tem como. Não tem condições, já tava difícil, agora vai ficar muito pior. Dificulta muito nosso trabalho, o caminhoneiro não é ajudado. Isso tudo vai ser repassado para o consumidor final porque vai aumentar tudo na Ceasa [Central de Abastecimento], no supermercado”, comenta.
O movimento surge após a empresa estatal reajustar o preço médio de venda do diesel A para as distribuidoras de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro. A alta de 8,89% já está em vigor. O último aumento havia sido registrado em 7 de julho passado. Nos postos de combustíveis, para o consumidor final, o reajuste no diesel deve subir R$ 0,22, considerando a mistura obrigatória de 12% de biodiesel e 88% de diesel.
No Rio Grande do Norte, o preço médio do óleo diesel é repassado ao consumidor por R$ 5,054, de acordo com o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Segundo a Petrobras, o reajuste reflete “parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio”.
“Após 85 dias com preços estáveis, nos quais a empresa evitou o repasse imediato para os preços internos devido à volatilidade externa causada por eventos conjunturais, a Petrobras realizará ajuste no preço do diesel A para as distribuidoras”, informa nota da Petrobras divulgada na terça-feira (28). Valdir Ferreira acrescenta que tenta diálogo com entes dos governos estadual e federal para evitar que novos reajuste aconteçam. “Vamos ter reuniões com representantes do poder público porque o que está acontecendo é um verdadeiro massacre com os caminhoneiros. Até o dono do posto me mandou uma mensagem agora desgostoso porque isso vai impactar para ele também, o óleo para chegar na bomba também vem de caminhão, então ele sabe como é, tem um gasto também”, completa.
No feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro, um grupo de caminhoneiros se manifestou para que não houvesse reajuste no diesel, o que acabou se confirmando 22 dias depois. Na ocasião não foram registradas obstruções ou bloqueios nas rodovias federais do estado. No dia seguinte, caminhoneiros paralisaram atividades em 13 estados, mas o Rio Grande do Norte ficou de fora. Na ocasião, os atos foram desestimulados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Foi um ato para ver se destravava alguma coisa, mas destravou para o lado contrário porque se esperava que tivéssemos uma voz ativa para que não se repetisse um aumento absurdo desses, mas acabou que teve. Parece até que é um desafio, um aumento maior do que os que já tiveram. É uma situação difícil demais para a gente, sendo que somos uma categoria muito importante. Você sabe que se o caminhoneiro parar, o Brasil para todinho, vira um caos”, ressalta Valdir Ferreira, que trabalha na estrada há 23 anos.
Com informações da Tribuna do Norte
Foto: Tomaz Silva/Ag Brasil
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