Ao fazer palestra na abertura da 39ª edição do Seminário Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, na última segunda-feira (21.nov.2021), a governadora Fátima Bezerra defendeu que os estados e o país precisam se voltar para atender as novas necessidades de uma educação que precisa se adequar aos sistemas presencial e remoto e se voltar para o fortalecimento da educação técnico-profissionalizante e superior. Neste ano, o evento teve como tema “O Futuro da Educação e da Ciência no Pós Pandemia”, sendo realizado no Hotel Barreira Roxa, na Via Costeira, em Natal.
“A necessidade de priorizar a educação foi ressaltada pela pandemia. Temos hoje dois grandes desafios: o sistema híbrido veio para ficar, não tem mais volta. E precisamos investir para assegurar a profissionalização técnica. Mas, para isso precisamos de acesso aos meios digitais, com investimento federal, e desburocratizar parcerias com a iniciativa privada para a formação técnica”, defendeu a chefe do Executivo estadual.
Fátima Bezerra acrescentou que, mais do que nunca, é necessário investir na educação, na ciência, na tecnologia e na inovação. “A pandemia exacerbou a desigualdade e mostrou que a exclusão digital impediu o acesso de muitos ao ensino-aprendizado de forma remota”, reforçou.
Diante destes desafios, a governadora explicou que no RN a gestão estadual tem planejamento e projetos. “Estamos fazendo o maior investimento da história na Educação. Criamos o Programa Nova Escola Potiguar (PNEP) que vai investir R$ 400 milhões na construção e implantação de 12 escolas profissionalizantes denominadas Instituto Estadual de Educação Tecnológica (IERN), incorporar dez escolas profissionalizantes já existentes, promover a valorização e a formação continuada dos educadores, reformar e ampliar escolas, levar internet e equipamentos de tecnologia da informação de qualidade às escolas da rede pública estadual e ações de alfabetização”.
Fátima ainda enfatizou: “precisamos fazer das escolas ambiente de paz e respeito para cumprir sua função de formar para a cidadania e para o mundo do trabalho. É isto que vai promover o desenvolvimento econômico e social sustentável”.
O seminário contou com exposição do reitor da UFRN, José Daniel Diniz. “A pandemia é um problema global que não pode ser tratado com melindres e ações de confronto. A pandemia trouxe grandes perdas para a educação superior e básica, como a evasão escolar. A responsabilidade social de cada um de nós indica que não podemos abrir mão do nosso futuro”, afirmou.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Marcos Vinicius David, entende que as universidades vão ter que efetivamente assumir o desafio do desenvolvimento com tecnologia. “Não podemos continuar só como produtor de commodities”, pontuou, para criticar “a drástica redução de investimentos em ciência e tecnologia pela administração federal nos últimos anos, que chega a quase 60%“.
Para a vice-presidente acadêmica da Ânima Educação, Denise Campos, o momento pós-pandemia precisa deixar a educação fragmentada para alcançar “a educação integrada, com projeto político, pedagógico, currículos integrados e recuperar a unidade perdida na era industrial. O foco da educação do futuro é na autoria, na produção e na formação. A política pública de educação deve levar a escola para a rua – através da extensão -observar problemas potenciais e a abundância. Pensar complexo, criar soluções simples. Para problemas globais, soluções locais”, disse.
O ex-ministro da Educação e diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGVO), José Henrique Paim considerou que diante “da enorme desigualdade social no Brasil, a União, estados e municípios devem atuar de forma mais orgânica e colaborativa”.
Paim avalia que a questão tecnológica para a educação básica passou a ser assunto central. “O acesso à internet de qualidade deve ser assumido pelo governo federal, assim como uma gestão voltada para a aprendizagem técnica e cultural com acompanhamento de cada aluno”.
O ex-ministro também considerou que o futuro da educação e da ciência passa pelo casamento entre o mundo produtivo e as universidades. Ele afirmou que as empresas devem se reorganizar, e também o estado brasileiro, em favor da pesquisa aplicada, e lembrou que países desenvolvidos fizeram isso nos séculos 19 e 20.
Ao encerrar sua exposição, José Henrique Paim compartilhou a mesma preocupação da governadora Fátima Bezerra: “temos um duplo desafio à frente – formação voltada à cidadania e ao mundo do trabalho, com pensamento crítico e tolerância. O desenvolvimento deve estar associado à questão educacional”, concluiu.
O seminário Motores do Desenvolvimento é promoção do jornal Tribuna do Norte com apoio do Governo do Rio Grande do Norte, UFRN, Fiern, Fecomércio, UNP, Câmara Municipal de Natal, Assembleia Legislativa, Prefeitura de Natal, Neoenergia/Cosern e RG7Invest.
Foto: Divulgação/Sandro Menezes/Assecom
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