A Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Rio Grande do Norte (Coopanest) anunciou, na manhã desta sexta-feira (6.ago.2022), que pretende encerrar o contrato com a operadora Unimed Natal. De acordo com a Coopanest, o fim do contrato ocorre pela não aplicação do reajuste do IPCA por parte da operadora.
Com o fim do contrato, a partir da próxima terça-feira (9.ago.2022), os usuários do plano terão que negociar diretamente com um anestesiologista.
A Coopanest explicou que o fim do contrato não acarreta na suspensão do serviço, porém, deverá provocar lentidão para os usuários, uma vez que os mesmos deverão conseguir um anestesista por conta própria. Em entrevista à imprensa local, o presidente da Coopanest, Vinícius Luz, disse que a cooperativa atua como um facilitador, porém, a partir da terça-feira (9.ago.2022), haverá a relação individual entre o médico anestesista e o paciente.
O presidente da cooperativa afirmou ainda que considera preocupado, uma vez que não sabe como os valores serão cobrados nem como ocorrerá o ressarcimento do serviço. A cooperativa afirmou ainda que buscou flexibilizar as negociações, abrindo mão do reajuste do IPCA até dezembro deste ano e colondo os valores fracionados somente para 2023. Segundo o presidente da instituição, a cooperativa segue aberta para negociações, mesmo após o dia 8, que é quando encerra o contrato.
A Unimed Natal, por sua vez, afirmou em nota enviada ao POR DENTRO DO RN, que o fim do contrato ocorre de forma extremamente inesperada. A operadora afirma que vinha mantendo aberto o canal de comunicação, de forma amigável, dentro do processo de negociação contratual iniciado em fevereiro de 2022.
Porém, considerou que o reajuste pleiteado pela cooperativa está acima da capacidade de absorção e o seu impacto afetaria a qualidade dos serviços prestados aos mais de 204 mil clientes além de repercutir na sustentabilidade do sistema de saúde na região.
Além disso, na avaliação da Unimed Natal, o reajuste também afetaria diretamente os mais de 1.600 médicos cooperados, os mais de 1.500 colaboradores e os mais de 400 prestadores de serviços de saúde. “Não deve interessar a ninguém desestruturar o sistema de saúde”, considera a companhia.
Na nota, a companhia destaca ainda que sempre se posicionou pela boa negociação em busca de um reajuste capaz de manter a continuidade do contrato e a efetiva prestação dos serviços, e afirma que a Coopanest é a única fornecedora de serviços médicos de anestesiologistas na região, o que estabelece uma relação de dependência do sistema de saúde.
“Essa posição, reconhecidamente monopolista, não pode prejudicar o consumidor com aumento deliberado de preços e a consequente restrição da oferta de serviços. Muito menos com interrupção da prestação dos serviços utilizada claramente como instrumento de pressão, o que contraria fortemente a excelente qualidade das relações comerciais entre as duas cooperativas”, critica a Unimed.
“Diante da frustração das negociações, da posição da Coopanest de não transigir para um entendimento comercial capaz de manter ativa a relação comercial, o Conselho de Administração da Unimed Natal e a sua diretoria executiva, em consonância com seus médicos cooperados cirurgiões e, considerando o fim do prazo para extinção do contrato, adotou todas as medidas cabíveis para garantir a continuidade da assistência à saúde dos 204 mil clientes”, finaliza a nota.
Ainda nesta sexta-feira, a Unimed Natal judicializou o caso, porém, a juíza titular da 8ª Vara Civil de Natal, Arklenya Xeilha Pereira, negou o pedido de Tutela Antecipada feito pela operadora de descontinuidade da prestação de serviço por parte da Coopanest. A ação está em segredo de Justiça.
A magistrada, porém, entendeu que a cooperativa informou a Unimed da necessidade real de reajuste desde o mês fevereiro e que ainda notificou a operadora da rescisão do contrato com 45 dias de antecedência.
Foto: Ilustração/POR DENTRO DO RN/Arquivo
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