IBGE inicia recenseamento de comunidades quilombolas do RN; recenseador quilombola realiza coleta de dados

IBGE inicia recenseamento de comunidades quilombolas do RN; recenseador quilombola participa de coleta

O IBGE iniciou hoje (17.ago.2022) o Censo Demográfico nas comunidades quilombolas de todo o Brasil. No Rio Grande do Norte, lideranças do Território Capoeiras, em Macaíba, receberam a chefia estadual do IBGE e a coordenação do Censo num encontro que inaugurou um novo momento na história dessas comunidades tradicionais.

Pela primeira vez, a maior pesquisa do Brasil vai perguntar: “você se considera quilombola?”. O quesito vai abrir nos dispositivos de coleta dos 38 recenseadores treinados para trabalhar nessas áreas no RN. Além disso, haverá a possibilidade de informar a qual comunidade a família pertence.

IBGE inicia recenseamento de comunidades quilombolas do RN; recenseador quilombola participa de coleta
Encontro entre lideranças quilombolas de Capoeiras e equipe do IBGE marca início do Censo nessas áreas (Foto: Gustavo Guedes/IBGE).

“Acho que é importante e positivo, porque a gente é o que a gente se reconhece na verdade”, afirmou Maria Barbosa, liderança do território, no encontro com a equipe do IBGE no Ponto de Cultura Quilombola Baobá.

Para o chefe da Unidade Estadual do IBGE no Rio Grande do Norte, Damião Ernane de Souza, a produção de estatística oficial é uma conquista dos povos e comunidades quilombolas. “Isso faz parte de toda uma luta de vocês, das comunidades quilombolas, trazer visibilidade para os povos originários brasileiros e retratar a nação”, falou.

De acordo com Maria Barbosa, a nova pergunta do Censo faz parte de um conjunto maior de vitórias. “O movimento que foi feito antes está sendo refletido hoje na juventude. Você vê que as pessoas hoje se reconhecem mais, usam mais seu cabelo, reconhecem mais sua negritude, os jovens se empoderam enquanto negros. Isso graças à luta de tempos atrás”, acrescentou Barbosa.

Recenseador quilombola

Em Capoeiras, o estudante de Educação Física João Neto, de 36 anos, é o responsável pelas entrevistas do Censo. Ele mora no local e se considera quilombola. “Agora a gente tá tendo essa oportunidade de saber quantos somos, como vivemos e a quantidade de famílias que temos aqui. É uma expectativa enorme não só pra mim, e pros que moram na comunidade”, declarou o recenseador.

Encontro entre lideranças quilombolas de Capoeiras e equipe do IBGE marca início do Censo nessas áreas (Foto: Gustavo Guedes/IBGE).
Recenseador da própria comunidade faz entrevista do Censo 2022 no Território Quilombola Capoeiras, em Macaíba, para o Censo 2022 (Foto: Gustavo Guedes/IBGE).

Para o chefe do IBGE no RN, “o que nos dá mais prazer ainda é quando a gente tem um recenseador que é da comunidade, que foi selecionado e facilita muito mais o trabalho”. Sempre que possível, a área de trabalho do recenseador é próxima de sua casa.

Mobilização prévia

Nas áreas quilombolas, existem procedimentos especiais para o Censo, como uma reunião preparatória. “A gente indica que o recenseador ou que o supervisor procure uma primeira abordagem com a liderança quilombola para que ele explique como vai ser feito o trabalho de recenseamento na região e ajude na abordagem”, explicou José Xavier Júnior, coordenador técnico do Censo no RN.

Fora das comunidades, o cidadão também pode informar que seu domicílio é quilombola em qualquer momento da entrevista.

Origem do Quilombo Capoeiras

Formada por cerca de 400 famílias, segundo a liderança local, o Território Quilombola Capoeiras é um dos mais antigos do Rio Grande do Norte. “A gente tem um registro da comunidade do ano de 1734, mas não se sabe se a comunidade começou nessa data”, contou Maria Barbosa.

Recenseador da própria comunidade faz entrevista do Censo 2022 no Território Quilombola Capoeiras, em Macaíba, para o Censo 2022 (Foto: Gustavo Guedes/IBGE).
Liderança quilombola feminina, Maria Barbosa conta com satisfação a história de Capoeiras (Foto: Gustavo Guedes/IBGE).

O surgimento aconteceu depois que pessoas se libertaram da escravização, no Engenho Ferreiro Torto, em Macaíba. “[Capoeiras] Era um espaço de difícil acesso e eles conseguiram ficar aqui e abrir clareiras no mato”, acrescentou.

Barbosa destaca um líder fundador, João das Capoeiras. “Ele ficou sendo como um salvador, um irmão do quilombo”. “Falar da comunidade de Capoeiras é uma atividade minha diária, que eu faço com muito amor”, finalizou com orgulho Maria Barbosa.

Foto: Gustavo Guedes/IBGE

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