Durante a entrevista de Bolsonaro no Jornal Nacional desta segunda-feira, 22, o presidente disse defender eleições transparentes. “Eu quero é transparência nas eleições. Vocês, com toda a certeza, não leram o inquérito de 2018 da Polícia Federal que está, inclusive, inconcluso. Se você pode colocar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não? Esse é o objetivo do que eu tenho falado sobre o Tribunal Superior Eleitoral”, afirmou.
Bolsonaro também acusou o jornalista William Bonner de “fake news”. O apresentador disse em sua primeira pergunta que o presidente xingou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em seus mais recentes ataques ao sistema eleitoral. “Você não está falando verdade quando fala xingar ministros, isso não existe. É fake news da sua parte”, disse.
Ao longo dos primeiros minutos de sabatina, Bolsonaro pôs em dúvida a legitimidade do ciclo eleitoral das eleições de 2014 e 2018 sem apresentar provas e disse que quem irá decidir a questão da transparência na auditoria das urnas eletrônicas no Brasil será as Forças Armadas e afirmou que o resultado das urnas será respeitado, desde que o resultado seja “limpo e transparente”.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que “nenhum caso, até hoje, foi identificado e comprovado” e que órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal “têm a prerrogativa de investigar o processo eleitoral brasileiro e já realizaram auditorias independentes”.
Jair Bolsonaro (PL) inaugurou a série de entrevistas do Jornal Nacional, que receberá os principais candidatos à Presidência ao longo da semana, marcada ainda pelo início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, na sexta-feira, 26. Já no domingo, 28, os eleitores poderão acompanhar na TV Bandeirantes o primeiro debate entre os principais concorrentes ao Palácio do Planalto.
Nos bastidores, o presidente indicava que se recusaria a dar a entrevista ao Jornal Nacional. Ele demorou a confirmar a participação nos termos definidos pela emissora, de que a entrevista fosse presencial, nos estúdios do telejornal, no Rio de Janeiro.
Em e-mail enviado no dia 4 de agosto, a assessoria manifestava a disposição de Bolsonaro de conceder a entrevista, mas no Alvorada, alegando que “em função da campanha e de compromissos assumidos anteriormente, a agenda presidencial impossibilita a ida ao RJ, no dia 22 de agosto”.
Segundo a emissora, no dia seguinte, a assessoria de Bolsonaro explicou que o pedido foi para manifestar uma preferência, mas que o candidato não se recusava a ir ao Rio de Janeiro para a entrevista. Sendo assim, a Globo confirmou a entrevista.
Segundo interlocutores, Bolsonaro viu no convite uma oportunidade para se comunicar com a faixa mais pobre do eleitorado, que, segundo as pesquisas, tem se mostrado mais propensa a votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todos os outros convidados também aceitaram as regras. Ciro Gomes (PDT) será entrevistado na quarta-feira, 24. Na quinta-feira, 25, será a vez de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Simone Tebet (MDB) fechará a rodada na sexta-feira, 26.
O quartel-general do presidente insistiu para que ele passasse por um media training, ensaiando as perguntas e respostas da entrevista de Bolsonaro no Jornal Nacional, mas o presidente recusou.
Polêmica em 2018
Foi no Jornal Nacional, em 2018, que Bolsonaro reforçou uma fake news que já circulava nas redes sociais. Segundo o então candidato à Presidência, o livro Aparelho Sexual & Cia faria parte de um “kit gay” distribuído nas escolas durante os governos petistas. A alegação ganhou notoriedade e foi um dos grandes temas da campanha daquele ano.
Na ocasião, o então deputado federal fez, ainda, questionamentos a respeito do salário de Renata Vasconcellos, provocou William Bonner sobre seu divórcio com Fátima Bernardes e alegou que a TV Globo sobrevivia de “recursos da União”.
Foto: Marcos Serra/G1
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