Transferência de serviços e déficit de pessoal geram caos na unidade de saúde, afirma denúncia do Coren-RN e Sindsaúde
O Conselho Regional de Enfermagem do Estado (Coren-RN) e o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde) denunciaram a sobrecarga de trabalho no Hospital Maternidade Araken Irerê Pinto, no Rio Grande do Norte, após a transferência de serviços do Hospital Pediátrico Nivaldo Júnior, que foi fechado no mês passado. Segundo o Coren-RN, a transferência desorganizou o fluxo de trabalho, causando um aumento significativo na carga de trabalho dos profissionais.
Durante uma visita de fiscalização, o presidente do Coren-RN, Manoel Egídio, constatou complicações no fluxo de trabalho e impactos nos leitos devido à chegada dos pacientes do Nivaldo Júnior. Segundo ele, a falta de definição de um fluxo eficiente e os distratos contratuais decorrentes do fechamento do hospital anterior contribuíram para a sobrecarga no pronto-socorro. O Coren e o Sindsaúde estão realizando um levantamento para identificar o déficit de profissionais na unidade, que será entregue ao Ministério Público.
A diretora do Sindsaúde, Érica Galvão, ressalta que os problemas no Hospital Maternidade Araken Irerê Pinto se agravaram com a demanda transferida do Hospital Nivaldo Júnior. Ela denuncia a falta de mão de obra, acumulação de serviços e problemas de infecção cruzada na unidade. A falta de profissionais é evidente, com técnicos de enfermagem responsáveis por até oito pacientes por plantão, enquanto o ideal seria cuidar de apenas dois. Além disso, há escassez de enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais e nutricionistas.
Érica defende a convocação dos aprovados no concurso realizado em 2018 para solucionar o problema de falta de pessoal. Ela destaca que a situação se agravou com a fusão do Hospital Nivaldo Júnior e do Hospital Municipal, resultando em um fluxo desorganizado. Uma funcionária do hospital, que preferiu não se identificar, relata que o pronto-atendimento da maternidade está lotado, e a falta de leitos e o aumento no fluxo têm prejudicado o atendimento adequado às pacientes.
Além da sobrecarga e da falta de pessoal, o Sindsaúde denuncia que o antigo necrotério do hospital, que era utilizado para receber corpos de vítimas da covid-19, foi reformado e transformado em refeitório. O sindicato critica a ação da prefeitura, afirmando que os profissionais têm memória dos acontecimentos e consideram desrespeitosa a reutilização do espaço.
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal não se manifestou sobre a situação.
Foto: Elpídio Júnior/CMNat/Ilustração
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