Eleições presidenciais na Rússia começam sem oposição a Putin

Eleições presidenciais na Rússia começam sem oposição a Putin

Putin caminha para o quinto mandato em um cenário de controle e manipulação eleitoral

A Rússia se prepara para uma jornada eleitoral que se estende de hoje (15.mar.2024) até domingo, com expectativas voltadas para a recondução de Vladimir Putin ao seu quinto mandato presidencial, estendendo-se até 2030. Este processo ocorre em meio à ausência de uma oposição independente significativa, além do controle rigoroso sobre a informação e possíveis manipulações.

De acordo com a Comissão Eleitoral Central, mais de 112,3 milhões de eleitores estão convocados para participar da votação ao longo dos próximos três dias, tanto na Rússia continental quanto em regiões ocupadas na Ucrânia, incluindo a Crimeia anexada, além de mais de 1,9 milhão de eleitores no exterior.

Esta eleição marca a primeira vez em que o processo eleitoral se estende por três dias, uma mudança que tem sido vista por analistas como um possível instrumento de manipulação. Além disso, há a estreia da votação online em 29 regiões, aumentando o risco de maior controle por parte dos serviços de inteligência (FSB).

As eleições são percebidas como uma formalidade, com o vencedor já previamente estabelecido. Apenas candidaturas consideradas amigáveis ao Kremlin foram autorizadas, incluindo Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrata, e Vladislav Davankov, do Novo Partido Popular.

A morte repentina do líder da oposição Alexei Navalny, em circunstâncias pouco claras, enquanto cumpria pena de 19 anos por acusações de extremismo, e a rejeição do recurso do opositor Boris Nadezhdin apenas ampliam as incertezas em torno do processo eleitoral.

A candidatura de Putin também enfrenta suspeitas, especialmente relacionadas à violação da lei ao avançar com a reforma constitucional para possibilitar sua reeleição por mais seis anos. Com denúncias de violações eleitorais no passado, a legitimidade do processo é questionada, especialmente em um cenário de crescente repressão à liberdade de expressão e mídia independente.

As eleições, além de uma formalidade, são interpretadas como um plebiscito interno sobre a política externa de Putin, especialmente relacionada à invasão da Ucrânia, que absorve uma fatia significativa dos recursos do Estado. Enquanto o presidente busca manter o apoio popular, a oposição busca canalizar o descontentamento, convocando para protestos e incentivando votos contrários a Putin.

Para domingo (17.mar), está marcado o protesto internacional “Meio-dia Contra Putin”, uma iniciativa da oposição para reunir cidadãos, dentro e fora da Rússia, em assembleias de voto ao meio-dia, como forma de expressar uma posição coletiva contra a atual situação política.

Foto: Sergei Savostyanov/TASS/Fotos Públicas/Ilustração

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