Partido de Marine Le Pen lidera votação, mas resultado final depende de negociações para o segundo turno
O Reagrupamento Nacional (RN), partido de extrema-direita liderado por Marine Le Pen, venceu o primeiro turno das eleições parlamentares na França, realizado neste domingo (30.jun.2024). De acordo com as pesquisas de boca de urna conduzidas por Ipsos, Ifop, OpinionWay e Elabe, o RN obteve cerca de 34% dos votos. Este resultado coloca o partido à frente dos rivais de esquerda e centro, incluindo a aliança Juntos do presidente Emmanuel Macron, que conquistou entre 20,5% e 23% dos votos, e a Nova Frente Popular, uma coalizão de esquerda que recebeu aproximadamente 29% dos votos.
As pesquisas de boca de urna foram consistentes com as pesquisas de opinião realizadas antes da eleição. No entanto, ainda há incerteza sobre se o RN, com sua postura anti-imigração e eurocética, conseguirá formar um governo após o segundo turno, previsto para o próximo domingo. De acordo com as previsões, o RN está no caminho de conquistar a maioria dos assentos na Assembleia Nacional, mas apenas a pesquisa da Elabe sugere que o partido pode alcançar a maioria absoluta de 289 assentos.
Alta participação e intensidade política
A participação dos eleitores foi surpreendentemente alta em comparação com eleições parlamentares anteriores, refletindo o fervor político que o presidente Macron despertou ao convocar esta votação. A decisão de Macron veio após a derrota de seu partido nas eleições para o Parlamento Europeu, no início deste mês.
Em uma declaração à imprensa, Macron instou os eleitores a apoiarem candidatos que ele descreveu como “claramente republicanos e democráticos”, uma mensagem direcionada contra os candidatos do RN e do partido de extrema-esquerda França Insubmissa.
Negociações e alianças
O resultado final das eleições dependerá de como os partidos formarão alianças nos 577 distritos eleitorais da França para o segundo turno. Historicamente, partidos de centro-direita e centro-esquerda se uniram para evitar que o RN assumisse o poder, mas essa coalizão, conhecida como “frente republicana”, está mais incerta do que nunca.
A convocação de eleições antecipadas por Macron mergulhou o país em uma incerteza política significativa, gerando repercussões em toda a Europa e influenciando os mercados financeiros. O RN, historicamente um pária político devido a sua associação com racismo e antissemitismo, está agora mais próximo do poder do que nunca. Marine Le Pen tem trabalhado para suavizar a imagem do partido, uma estratégia que parece estar funcionando em meio à crescente insatisfação dos eleitores com Macron, o alto custo de vida e as preocupações com a imigração.
Desafios e expectativas
Até as 15h (horário local), a participação eleitoral era de quase 60%, uma taxa significativamente mais alta do que os 39,42% registrados há dois anos, marcando a maior taxa de participação comparável desde a votação legislativa de 1986. Essa alta participação reflete a intensa atmosfera política e a mobilização dos eleitores em torno de questões cruciais para o futuro da França.
Os próximos dias serão decisivos, com intensas negociações políticas antes do segundo turno. Especialistas alertam que as projeções de assentos podem ser altamente imprecisas nesta fase inicial, tornando o resultado final ainda mais imprevisível.
Perspectivas futuras
Se o RN conseguir consolidar sua posição no segundo turno, a França poderá testemunhar uma mudança política significativa, com o partido de extrema-direita assumindo um papel central no governo. Esse cenário levantaria inúmeras questões sobre as futuras políticas domésticas e internacionais do país, especialmente em relação à União Europeia e à imigração.
O desenrolar dessas eleições será acompanhado de perto não apenas na França, mas em toda a Europa, dada a influência significativa que as políticas francesas têm sobre a dinâmica política do continente.
Foto: RS Marine Le Pen via Fotos Públicas
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