Presidente toma decisão rápida após denúncias de assédio sexual; Anielle Franco quebra silêncio e ministra Esther Dweck assume temporariamente o Ministério dos Direitos Humanos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, após denúncias de assédio sexual virem à tona. A decisão foi tomada na noite desta sexta-feira (6.set.2024), após a Polícia Federal (PF) abrir uma investigação e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República iniciar procedimentos preliminares para apurar os fatos. Almeida, que estava à frente do ministério desde janeiro de 2023, era reconhecido por sua trajetória acadêmica e por suas contribuições na luta contra o racismo estrutural no Brasil.
As acusações contra o ministro foram publicadas pelo portal Metrópoles na tarde de quinta-feira (5) e confirmadas pela organização Me Too, que assegurou ter atendido mulheres que alegam terem sido assediadas por Almeida. Entre as supostas vítimas estaria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em resposta, Almeida repudiou “com veemência” as acusações, chamando-as de “mentiras” e “ilações absurdas”. Ele também afirmou ter solicitado apurações rigorosas à Controladoria-Geral da União (CGU), ao Ministério da Justiça e à Procuradoria-Geral da República (PGR).
A pressão aumentou quando Anielle Franco, até então silenciosa sobre o caso, fez uma declaração pública nas redes sociais, afirmando que “não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência” e destacando a ação rápida do presidente Lula. Ela também criticou as pressões que vinha sofrendo para falar sobre o assunto, pedindo respeito à sua privacidade e se comprometendo a colaborar com as investigações quando necessário.
Com a demissão de Almeida, o Palácio do Planalto anunciou que a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, acumulará temporariamente a função de ministra dos Direitos Humanos e Cidadania até que um novo titular seja nomeado. Dweck, que já faz parte do primeiro escalão do governo, assume o desafio em meio à turbulência gerada pelas acusações.
O governo, por meio da Secretaria de Comunicação Social, reafirmou seu compromisso com os direitos humanos e destacou que “nenhuma forma de violência contra as mulheres será tolerada”. O Ministério das Mulheres classificou as acusações como “graves” e manifestou solidariedade às vítimas, reiterando que todas as denúncias precisam ser investigadas com seriedade.
A exoneração de Silvio Almeida marca um momento delicado para o governo Lula, que se esforça para equilibrar a proteção dos direitos humanos com a necessidade de enfrentar de forma contundente as acusações de assédio sexual no âmbito do poder público.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Ilustração
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