Avanço rebelde em Damasco marca fim de governo de Assad; Itamaraty recomenda saída de brasileiros e reforça apelo por solução pacífica
O presidente sírio Bashar al-Assad foi deposto neste domingo (8.dez.2024), após rebeldes islâmicos assumirem o controle de Damasco, encerrando mais de cinco décadas de governo da família Assad. Em meio à comemoração de milhares de pessoas nas ruas da capital, os rebeldes declararam o início de um processo de transição política, desferindo um golpe significativo na influência de aliados como Rússia e Irã, que apoiaram Assad durante a guerra civil de 13 anos.
Com a ocupação de pontos estratégicos, incluindo o Palácio Presidencial Al-Rawda, e a liberação de prisioneiros, a coalizão rebelde reforçou o compromisso de reconstruir o país. Abu Mohammed al-Golani, comandante rebelde, afirmou que “não há espaço para voltar atrás” e destacou o objetivo de unir as diversas facções do país, devastado pela guerra. No entanto, desafios como a reconstrução de infraestrutura, a contenção de facções extremistas e a necessidade de bilhões de dólares em investimentos permanecem no horizonte.
A crise na Síria também gerou reações internacionais. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, associou a queda de Assad às ações contra o Irã e o Hezbollah, enquanto o presidente francês Emmanuel Macron saudou a mudança como o fim de um “estado bárbaro”. O governo dos Estados Unidos monitora de perto a situação, mas mantém a presença de tropas na região.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em nota oficial, demonstrou preocupação com a escalada de hostilidades e orientou os cidadãos brasileiros na Síria a deixarem o país. A Embaixada do Brasil em Damasco disponibilizou contatos de emergência e reforçou o apelo por máxima contenção das partes envolvidas, além de destacar a necessidade de uma solução política negociada que respeite a soberania e a integridade territorial síria.
A ofensiva rebelde em Damasco, que surpreendeu capitais árabes e potências globais, é vista como um marco histórico, mas também traz incertezas sobre a estabilidade na região do Oriente Médio, que já enfrenta os desdobramentos do conflito entre Israel e Hamas em Gaza. Com a saída de Assad e a retirada de forças do Hezbollah, o destino da Síria dependerá do sucesso das negociações para a formação de um governo de transição e da superação de rivalidades internas.
Foto: Reprodução/Fotos Públicas
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