Chacina em assentamento do MST deixa dois mortos e seis feridos em São Paulo

Chacina em assentamento do MST deixa dois mortos e seis feridos em São Paulo

Ataque armado mobiliza autoridades, e Polícia Federal investiga crime que deixou mortos e feridos no Vale do Paraíba

Homens armados invadiram o Assentamento Olga Benário, em Tremembé, no interior de São Paulo, e abriram fogo contra os moradores na noite de sexta-feira (10.jan.2025). Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o ataque resultou na morte de Valdir do Nascimento, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Outros seis assentados ficaram feridos, alguns em estado grave.

O assentamento, localizado na Estrada Canegal, foi atacado por volta das 23h, quando a maioria dos moradores, incluindo crianças e idosos, já estava dormindo. Os agressores, usando carros e motos, dispararam indiscriminadamente. A ação gerou pânico e deixou marcas de violência em um local que abriga famílias assentadas por meio de políticas de reforma agrária.

Repercussão e investigação

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que a Polícia Civil já apura o caso, registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. Um homem foi preso em flagrante no local por porte ilegal de arma.

O Ministério da Justiça determinou que a Polícia Federal (PF) inicie investigações para apurar os responsáveis pelo ataque. Uma equipe da PF foi enviada à região, composta por peritos, agentes e papiloscopistas. Segundo o ministro substituto Manoel Carlos de Almeida Neto, as ações visam garantir uma investigação aprofundada e responsabilização dos culpados.

Parlamentares, movimentos sociais e entidades de direitos humanos cobraram respostas imediatas e punição exemplar aos agressores. O deputado estadual Simão Pedro (PT-SP) atribuiu o crime a organizações criminosas interessadas nas terras regularizadas do assentamento.

Apoio às vítimas

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania anunciou que oferecerá assistência às famílias atingidas. Por meio do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, o governo busca resguardar as lideranças do assentamento.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, manifestou solidariedade às famílias das vítimas e destacou a gravidade do atentado, solicitando providências rigorosas ao governo estadual e às autoridades federais.

Conflitos no campo

De acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, entre 2020 e 2024, foram registradas mais de 2.300 denúncias de violações relacionadas a conflitos agrários no Brasil. Esses dados revelam uma preocupante frequência de ataques contra movimentos sociais, como o MST, que lutam pelo acesso a terras produtivas.

A violência no campo tem sido recorrente, afetando assentados e líderes comunitários. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e outras entidades denunciaram a escalada de violência e prometeram acompanhar de perto as investigações sobre o caso de Tremembé.

Reações políticas e mobilização

Diversos parlamentares utilizaram as redes sociais para expressar indignação e cobrar respostas. Sâmia Bomfim (Psol-SP) destacou a necessidade de rigor na apuração. Simão Pedro (PT-SP) e Leci Brandão (PCdoB-SP) enfatizaram que o crime exige ações firmes para garantir justiça e segurança no campo.

O Partido dos Trabalhadores (PT) condenou o ataque, chamando-o de “chacina” e afirmando que há indícios de que os criminosos agiram sob ordens de especuladores interessados nas terras.

Próximos passos

As investigações agora envolvem a Polícia Civil de São Paulo e a Polícia Federal. As famílias das vítimas seguem recebendo assistência enquanto aguardam a identificação e punição dos responsáveis. A mobilização de autoridades e movimentos sociais reforça a pressão para que o caso não caia no esquecimento e para que medidas de proteção sejam ampliadas no campo.

Foto: Júlia Dolce/MST via Flickr / Emilly Firmino/MST via Flickr

Com informações da Agência Brasil

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