Falta de investimentos em água e esgoto impacta saúde e sobrecarrega o SUS
O Rio Grande do Norte registrou a terceira maior taxa de óbitos por 100 mil habitantes devido a Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAIs), segundo estudo do Instituto Trata Brasil. A taxa do estado ficou em 4,814 mortes por 100 mil habitantes. Apesar disso, o RN tem a menor taxa de internação do país por essas doenças, que afetam principalmente crianças e idosos. A falta de investimentos em saneamento básico no Brasil coloca a saúde da população em risco e aumenta a carga sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) com doenças que poderiam ser evitadas.
As informações foram publicadas neste domingo (23.mar.2025) em uma matéria especial do jornal Tribuna do Norte.

Os dados de óbitos utilizados pelo estudo são do SUS e referem-se a 2023. Os impactos dos investimentos em saneamento são percebidos apenas a médio e longo prazo, em conjunto com ações de promoção de saúde. O estudo categoriza as doenças relacionadas ao saneamento em três grupos: transmissão oral (como diarreia, cólera e hepatite A), transmissão por insetos (como dengue e malária) e contato com água contaminada (como esquistossomose e leptospirose).
RN entre os estados com mais mortes por doenças de transmissão feco-oral
Em relação às mortes por doenças de transmissão feco-oral, o Rio Grande do Norte ficou atrás apenas de Roraima (7,539) e Piauí (5,441). O estado também registrou a segunda menor taxa do Nordeste e a quinta menor do Brasil em doenças transmitidas por insetos, como dengue e febre amarela. Apesar dos números preocupantes, o estudo aponta uma “trajetória positiva”, já que o aumento da cobertura de saneamento tem contribuído para a redução de mortes relacionadas a essas doenças.

No Brasil, a taxa de mortes por 100 mil habitantes caiu de 6,3 em 2008 para 5,6 em 2023. No entanto, a queda ainda é considerada baixa. Das 5.570 cidades brasileiras, apenas 1.031 tiveram redução na taxa de mortalidade entre 2008 e 2023, enquanto 2.791 permaneceram estagnadas e 1.748 registraram aumento.
Investimentos em saneamento: desafio para reduzir mortes e internações
O investimento anual por habitante em saneamento deveria ser de R$ 239,09, mas atualmente é de apenas R$ 111,44. A universalização do saneamento básico é essencial para reduzir as desigualdades no acesso às políticas públicas, garantindo moradia e acesso à água potável. Essas medidas, a médio e longo prazo, desafogariam o sistema de saúde.
Cobertura de saneamento no RN: perspectivas de melhoria
A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) afirma que tem avançado na cobertura de saneamento e fornecimento de água no estado. Três novas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) em Natal e Parnamirim devem elevar significativamente os índices de cobertura até 2025. Quando as ETEs estiverem em funcionamento, a cobertura de esgoto em Natal passará de 50% para 80%.
A Caern também trabalha em uma Parceria Público-Privada (PPP) para universalizar o saneamento básico no estado até 2033. A licitação deve ser lançada até o segundo semestre de 2026, com expectativa de que a iniciativa privada acelere as obras.
Internações por doenças relacionadas ao saneamento caem no RN
O Rio Grande do Norte registrou a menor taxa de internações do Brasil por doenças relacionadas à falta de saneamento, com 6,016 casos por 10 mil habitantes. Em 2024, o país registrou 344,4 mil internações por essas doenças, uma redução de 3,6% ao ano desde 2008. As doenças transmitidas por insetos, como a dengue, representaram 49% do total de internações, seguidas pelas doenças de transmissão feco-oral, com 47,6%.
Foto: Arquivo/POR DENTRO DO RN/Ilustração / Renato Alves/Agência Brasília/Ilustração
Siga o Por Dentro do RN também no Instagram e mantenha-se informado.