Robinson Faria, do PL potiguar, figura entre os dois parlamentares da legenda que não apoiaram a aceleração do projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro
Dos 92 deputados federais do Partido Liberal (PL), apenas dois não assinaram o requerimento de urgência para acelerar a tramitação do projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Um deles é o deputado Robinson Faria, representante do Rio Grande do Norte na Câmara dos Deputados.
A proposta de urgência foi protocolada na segunda-feira (14.abr.2025) pelo líder do PL na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), com o objetivo de permitir que o projeto de lei seja apreciado diretamente no plenário, sem necessidade de passar pelas comissões temáticas. O requerimento reuniu 264 assinaturas, superando o mínimo necessário de 257. No entanto, duas assinaturas foram rejeitadas pela Mesa Diretora da Câmara, sem justificativa publicada.

A não adesão de Robinson Faria ao requerimento gerou atenção dentro do partido, especialmente porque ele é o único deputado do PL do Nordeste que se absteve de apoiar a urgência da matéria. Parlamentares da legenda no Maranhão, mesmo com histórico de alinhamento ao governo federal e até presença em agendas com ministros de Estado, assinaram o pedido de tramitação acelerada do projeto.
Robinson Faria evita declarar posição sobre modelo de anistia
Apesar de não ter assinado o requerimento de urgência, Robinson Faria declarou ao Placar do Estadão, ferramenta que acompanha o posicionamento dos deputados sobre o projeto, que pretende votar a favor da anistia. No entanto, evitou esclarecer se defende a inclusão do ex-presidente Jair Bolsonaro no benefício, ou qual o modelo de anistia considera adequado.
Até o momento da publicação desta reportagem, o deputado potiguar não havia respondido aos contatos feitos para comentar sua decisão. A posição isolada de Robinson contrasta com a de outros quatro deputados do Rio Grande do Norte — Benes Leocádio e Carla Dickson, do União Brasil, além de General Girão e Sargento Gonçalves, do próprio PL — que assinaram o requerimento e declararam apoio público ao projeto de anistia.
Ligações políticas com membros do Judiciário influenciam abstenção
A justificativa para a não assinatura de Robinson Faria não foi oficialmente divulgada, mas observadores políticos citam sua ligação familiar e institucional com membros do Judiciário. Robinson é pai do ex-ministro das Comunicações do governo Bolsonaro, Fábio Faria, que mantém relações próximas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme publicado pelo jornal Estadão em 2022, o ministro Dias Toffoli chegou a passar um final de semana na casa de praia de Fábio Faria. As conexões do ex-ministro também se estendem ao meio político e empresarial, o que pode ter influência indireta na condução política de Robinson Faria no parlamento.
Essa relação de proximidade com membros do STF também é atribuída ao outro deputado do PL que não assinou o requerimento: Antônio Carlos Rodrigues (SP). Ele é descrito por aliados como interlocutor do PL junto ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos referentes aos atos de 8 de janeiro. Rodrigues e Moraes se conhecem há mais de 30 anos e mantêm uma relação considerada cordial.
Requerimento busca acelerar tramitação de projeto polêmico
O Projeto de Lei da Anistia tem como objetivo conceder perdão jurídico às pessoas presas ou processadas por participação nos atos de vandalismo e invasão das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, em Brasília. A proposta divide o Congresso Nacional e enfrenta resistência do Supremo Tribunal Federal, que já condenou dezenas de réus e mantém investigações em andamento sobre lideranças políticas, organizadores e financiadores dos atos.
O requerimento de urgência, agora protocolado, é o primeiro passo para que o projeto possa ser votado diretamente no plenário da Câmara. No entanto, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), já indicou que não pretende pautar a proposta neste momento, alegando riscos de instabilidade institucional.
Com a pressão de parte da bancada e o aumento da base de apoio ao projeto — segundo articuladores, já seriam mais de 310 deputados favoráveis à anistia — o tema deve continuar no centro das discussões políticas nas próximas semanas.
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados / Mario Agra/Câmara dos Deputados / Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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