Oito profissionais de saúde apresentaram sintomas após consumo de peixe em restaurante da capital; suspeita é de ciguatera, toxina marinha associada a algumas espécies
Oito médicos apresentaram sintomas de intoxicação após consumirem peixe em um restaurante localizado na Zona Sul de Natal, capital do Rio Grande do Norte. A Vigilância Sanitária do município está conduzindo a investigação sobre o caso, registrado no final de abril de 2025. A principal suspeita é que os sintomas tenham sido causados pela ciguatera, uma toxina marinha presente em algumas espécies de peixes.
Casos notificados
Os profissionais de saúde foram atendidos em unidades de Natal e da Grande Natal com sintomas como diarreia, vômitos, náuseas, formigamento e alterações neurológicas, como sensações térmicas invertidas — quando o frio é sentido como calor e vice-versa. A maioria dos pacientes relatou ter ingerido um peixe da espécie arabaiana durante uma refeição no mesmo restaurante. Todos passam bem, segundo informações das unidades hospitalares.
O caso foi reportado à Secretaria Municipal de Saúde e está sendo monitorado pelos setores de vigilância sanitária e epidemiológica. Amostras de alimentos foram recolhidas no restaurante para análise laboratorial.
O que é ciguatera
A principal hipótese considerada pelas autoridades de saúde é a contaminação por ciguatera, uma intoxicação alimentar causada por toxinas produzidas por microalgas do gênero Gambierdiscus toxicus, que se acumulam em peixes herbívoros e carnívoros, principalmente nos recifes de corais.
A toxina é resistente ao calor, o que significa que o cozimento do alimento não elimina o risco de contaminação. Os sintomas geralmente aparecem entre seis e 12 horas após o consumo do peixe e podem durar dias ou até semanas, dependendo da intensidade da exposição.

No Brasil, há registros históricos da ciguatera especialmente em regiões costeiras do Norte e Nordeste. A doença não é transmissível de pessoa para pessoa e não há tratamento específico — o foco é no controle dos sintomas.
Espécies associadas
Entre as espécies comumente associadas à toxina estão a arabaiana (Lutjanus spp.), o badejo, o garoupa e o olho-de-boi. De acordo com especialistas, os peixes maiores, predadores e que habitam recifes tropicais têm maior risco de acumular a toxina ao longo da cadeia alimentar.

No caso ocorrido em Natal, o peixe consumido pelos médicos foi identificado como sendo da espécie arabaiana, um peixe comum na culinária nordestina e comercializado em diversos estabelecimentos.
Ações da Vigilância Sanitária
A Secretaria Municipal de Saúde informou que uma equipe da Vigilância Sanitária esteve no restaurante apontado pelas vítimas. Durante a visita, foram recolhidas amostras de peixes e alimentos para análise. O estabelecimento segue em funcionamento e foi orientado a colaborar com a investigação.
A Prefeitura de Natal reforçou que a população deve estar atenta à origem do pescado consumido, preferindo estabelecimentos regulares e que informem corretamente a espécie vendida. Também recomendou que, em caso de sintomas como formigamento, náuseas ou alterações sensoriais após o consumo de peixe, a pessoa procure atendimento médico imediatamente.
Histórico de casos no Brasil
Embora os casos de ciguatera não sejam frequentes, surtos esporádicos já foram registrados em estados como Bahia, Pernambuco, Alagoas e Pará. Em alguns episódios, dezenas de pessoas apresentaram sintomas semelhantes após o consumo de peixes contaminados.
A notificação de casos suspeitos é fundamental para o rastreamento da origem do pescado e prevenção de novos incidentes. A Organização Mundial da Saúde estima que entre 10 mil e 50 mil pessoas sejam afetadas por ciguatera todos os anos em regiões tropicais e subtropicais.
Orientações ao consumidor
As autoridades de saúde recomendam:
- Evitar o consumo de grandes peixes predadores de origem desconhecida;
- Confirmar com o estabelecimento a espécie do peixe servido;
- Manter atenção aos sintomas de intoxicação após refeições com frutos do mar;
- Buscar assistência médica em caso de suspeita;
- Informar às autoridades sanitárias sobre episódios de intoxicação alimentar.
Foto: Electra Studio/Pexels/Ilustração / Kindel Media/Pexels/Ilustração / Deane Bayas/Pexels/Ilustração
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