Assassinato de dois funcionários da embaixada israelense nos EUA é atribuído ao ódio antissemita, mas também levanta reações sobre o conflito em Gaza
Dois funcionários da embaixada de Israel nos Estados Unidos foram assassinados na noite da quarta-feira (21.mai.2025), em frente ao Museu Judaico, em Washington. As autoridades norte-americanas confirmaram que o ataque ocorreu nas imediações do local e que um suspeito foi detido após gritar “Palestina livre”, segundo informações divulgadas pela emissora NBC News.
A polícia de Washington solicitou à população que evite a área e afirmou que colabora com a Embaixada de Israel para esclarecer os fatos. Pelo menos uma das vítimas foi levada em estado crítico para um hospital local.

A secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, declarou nas redes sociais que o governo federal está “investigando ativamente” o atentado. Já o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que “esses horríveis assassinatos em Washington, obviamente motivados pelo antissemitismo, têm de acabar agora”, em publicação na Truth Social.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, determinou o reforço da segurança nas missões diplomáticas israelenses em todo o mundo. Ele também relacionou o atentado ao crescimento do antissemitismo e de discursos hostis ao Estado de Israel.

O presidente israelense, Isaac Herzog, e o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, classificaram o crime como terrorismo. Saar afirmou que há uma ligação direta entre a incitação antissemita e o atentado, inclusive com menções a líderes europeus que vêm criticando as ações de Israel na Faixa de Gaza.
No Brasil, a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) também atribuiu o crime ao antissemitismo e às crescentes críticas à atuação de Israel no conflito com o Hamas. Em nota, a Fisesp lamentou a morte dos funcionários da embaixada e disse que a retórica contra Israel está alimentando manifestações de ódio em todo o mundo. A entidade também mencionou declarações do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, como a comparação das ações de Israel em Gaza com o Holocausto.
“Discursos contra a legítima defesa do Estado de Israel frente aos ataques terroristas do Hamas têm estimulado um crescimento global de manifestações antissemitas”, afirmou a Fisesp. “Antissemitismo mata”, completou a federação.
A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), por sua vez, condenou o atentado, mas alertou para o risco de o crime ser utilizado como forma de blindar Israel diante das crescentes críticas da comunidade internacional. O presidente da Fepal, Ualid Rabah, destacou que há países do Ocidente que têm considerado a atuação israelense em Gaza como genocídio.
“A rejeição a Israel tem crescido como reação às suas ações na Palestina, não por antissemitismo”, declarou Rabah à Agência Brasil. Ele também sugeriu que uma investigação completa deveria considerar inclusive a hipótese de crime de “falsa bandeira”, ou seja, cometido para gerar comoção internacional favorável a Israel.
A tensão entre as reações ao crime e as críticas à política externa de Israel ocorre no contexto de denúncias sobre a atuação militar no território palestino. A África do Sul entrou com uma ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), acusando o país de genocídio. Paralelamente, países como Inglaterra, França, Canadá e Espanha aumentaram a pressão por um cessar-fogo e a liberação de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
No Brasil, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) declarou que o governo repudia o crime ocorrido em Washington e que o presidente Lula “nunca fez fala preconceituosa contra judeus”. Segundo a nota, as críticas de Lula foram direcionadas às ações do governo de Israel, em especial à desproporcionalidade dos ataques contra civis palestinos. A Secom reafirmou a condenação do governo brasileiro ao antissemitismo e ao terrorismo.
Enquanto os desdobramentos do atentado seguem em investigação pelas autoridades americanas, o episódio acirra o debate global sobre antissemitismo, liberdade de expressão, segurança diplomática e os limites do discurso político em tempos de conflito internacional.
Foto: Reprodução / RS/Fotos Públicas
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