Padaria Bonfim, uma das mais tradicionais de Natal, é alvo de mandados de busca e sequestro de bens de até R$ 4,8 milhões em ação da Polícia Civil e SEFAZ
Na manhã desta terça-feira (27.mai.2025), a Polícia Civil do Rio Grande do Norte deflagrou, em conjunto com a Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ/RN) e com apoio da Receita Federal, a Operação Sócio de Papel, voltada à investigação de um esquema de sonegação fiscal e blindagem patrimonial no setor de panificação em Natal.
A ação teve como principal alvo a padaria Bonfim, localizada na avenida Prudente de Morais, zona Sul da capital potiguar. Considerada uma das mais tradicionais da cidade, o estabelecimento é suspeito de utilizar mecanismos para ocultar a verdadeira estrutura administrativa e financeira, com o objetivo de dificultar a atuação dos órgãos de fiscalização e evitar o pagamento de tributos.
Durante a operação, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em imóveis ligados aos investigados. Além disso, a Justiça determinou o sequestro de bens até o limite de R$ 4,8 milhões, valor que, segundo os investigadores, corresponde ao prejuízo estimado aos cofres públicos provocado pelo suposto esquema de sonegação.
Segundo informações da Delegacia Especializada na Investigação de Crimes Contra a Ordem Tributária (DEICOT), responsável pela condução do caso, a tática utilizada pelos suspeitos envolvia o uso de “laranjas” como sócios apenas no papel. Na prática, o controle administrativo e os benefícios financeiros da empresa permaneciam sob domínio de pessoas que não figuravam oficialmente no quadro societário.
Esse tipo de estrutura, de acordo com a investigação, tinha como finalidade principal a blindagem patrimonial dos reais controladores da empresa, dificultando o rastreamento de ativos e a cobrança de tributos. A escolha por “sócios de fachada” permitia, ainda, a abertura e encerramento de empresas em sequência, como forma de burlar dívidas tributárias em nome de terceiros.
Além da atuação na sede da padaria, agentes também estiveram em uma residência localizada no condomínio de alto padrão West Park Boulevard, no bairro de Lagoa Nova, também na zona Sul da cidade. A movimentação no local despertou a atenção dos moradores.
A Operação Sócio de Papel recebeu este nome em referência direta à principal estratégia empregada no esquema: a criação de uma estrutura empresarial fictícia, com a inserção de pessoas sem vínculo real com o negócio como sócias legais, enquanto os verdadeiros administradores permaneciam ocultos. Esse artifício, segundo a Polícia Civil, é recorrente em fraudes tributárias e impede que as autoridades consigam responsabilizar os reais beneficiários das operações fraudulentas.
A Secretaria de Estado da Fazenda (SEFAZ/RN) acompanha a apuração dos fatos e reforça que a atuação conjunta com as forças de segurança pública é fundamental para o combate à sonegação fiscal no estado. O prejuízo apurado inicialmente pode ser ainda maior, a depender da conclusão das análises dos documentos apreendidos e do rastreamento de ativos financeiros e patrimoniais.
As autoridades responsáveis pela investigação não divulgaram os nomes dos envolvidos, e informaram que novas atualizações serão prestadas à imprensa conforme o avanço das diligências. O inquérito segue em sigilo judicial.
Foto: Divulgação
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