Editorial POR DENTRO DO RN

A crise na gestão da governadora Fátima Bezerra atinge mais um nível preocupante: o governo do Rio Grande do Norte acumula um atraso de R$ 354 milhões no pagamento de precatórios, conforme divulgado pelo Tribunal de Justiça do RN. Esse valor é alarmante não apenas pela magnitude da dívida, mas pelo que ela simboliza — um governo que insiste em deixar pendências, descumprir acordos e empurrar com a barriga compromissos essenciais com servidores, aposentados, fornecedores e, agora, também com os credores judiciais.
O calote nos precatórios é só mais um sintoma da falência administrativa que se instalou no estado. A gestão estadual, que já coleciona críticas pela falta de entregas em diversas áreas, mostra que sua prioridade está longe de ser o equilíbrio fiscal e o respeito ao cidadão. O discurso de reconstrução do RN, tão explorado no início do primeiro mandato da governadora, hoje soa vazio diante da realidade dos potiguares.
Inércia generalizada e promessas não cumpridas
Na prática, Fátima Bezerra lidera uma gestão marcada por falta de obras estruturantes, hospitais sobrecarregados, escolas sem estrutura mínima e uma segurança pública que, apesar de apresentar melhora nos indicadores estatísticos, ainda deixa a população refém da criminalidade em várias regiões. A sensação de insegurança persiste — e, como se não bastasse, até dentro da Assembleia Legislativa, um dos espaços mais vigiados do estado, houve um roubo recente a um gabinete parlamentar. Isso evidencia que, apesar dos dados “positivos”, a segurança continua frágil até nos bastidores do poder.
Enquanto o governo atrasa pagamentos, fornecedores reclamam da demora para receber, o funcionalismo público segue sem qualquer perspectiva de valorização real, e a saúde amarga a falta de insumos, filas intermináveis e a ausência de políticas efetivas de gestão hospitalar. A população, que esperava uma governadora sensível às demandas sociais, hoje sente-se traída por um governo mais focado em propaganda institucional do que em resultados concretos.
Precatórios: uma dívida de confiança
A inadimplência nos precatórios não compromete apenas o caixa do Estado — ela compromete a confiança. O cidadão que venceu uma longa batalha judicial para ter seu direito reconhecido agora se vê diante de mais uma espera, mais um adiamento, mais uma injustiça. O discurso da governadora, que tenta justificar o atraso com dificuldades herdadas, não se sustenta mais no quinto ano de mandato. O problema agora é de responsabilidade direta da atual gestão, e fugir dessa realidade só aumenta a revolta popular.
Rejeição em alta e futuro político comprometido
Não à toa, Fátima Bezerra figura entre os gestores mais rejeitados do Brasil. Sua popularidade despenca a cada novo episódio de descompromisso e omissão. A frustração da população é visível e isso terá um peso considerável nas urnas — seja na tentativa da própria governadora de voltar ao Senado, seja na tarefa (quase impossível) de eleger um sucessor que carregue o fardo de sua gestão.
As dificuldades para o governo petista emplacar um nome para 2026 já são notórias nos bastidores. O que deveria ser uma missão natural de continuidade virou um desafio quase insustentável. A base está rachada, a confiança pública abalada, e o legado de Fátima Bezerra se encaminha para ser lembrado não por feitos, mas por fracassos.
O colapso da governança
O atraso dos precatórios é mais do que um problema contábil: é o retrato fiel de um governo que perdeu o rumo. A falta de planejamento, a centralização das decisões em torno de um núcleo político isolado e a desconexão com a realidade do povo potiguar conduziram o RN ao caos administrativo.
Se não houver uma reviravolta rápida — o que parece cada vez mais improvável —, o governo Fátima encerrará seu ciclo sob o peso de promessas não cumpridas, dívidas acumuladas e uma população cansada de esperar por mudanças que nunca vieram.
Foto: Arquivo/POR DENTRO DO RN/Ilustraçãao
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