Por Danilo Bezerra – dnlbzrr@gmail.com
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A Airbus anunciou nesta segunda-feira (16) pedidos de aeronaves que somam quase US$ 10 bilhões (cerca de R$ 55 bilhões), dominando o primeiro dia do Paris Air Show 2025. O volume de contratos foi impulsionado por acordos com a AviLease, Riyadh Air e a companhia aérea polonesa LOT, em meio ao recuo da rival Boeing após o acidente fatal com um avião da Air India.
A feira internacional ocorre poucos dias depois da queda de um Boeing 787-8 da Air India, que fazia a rota Ahmedabad–Londres. A aeronave caiu logo após a decolagem, deixando apenas um sobrevivente entre os 242 ocupantes. Em razão da tragédia, a Boeing reduziu sua participação no evento, com ausências notáveis como a do CEO Kelly Ortberg e da executiva-chefe da divisão comercial, Stephanie Pope.
Encomendas impulsionadas por parceiros sauditas e europeus
O maior pedido veio da AviLease, empresa de leasing apoiada pelo fundo soberano da Arábia Saudita. A companhia firmou contrato para adquirir 30 aviões A321 de fuselagem estreita, com opção de compra de outros 25, além de 10 cargueiros A350, com 12 opções adicionais. No mês anterior, a AviLease havia anunciado um acordo com a Boeing para 30 jatos 737 Max durante a visita do ex-presidente dos EUA Donald Trump ao Oriente Médio.
Já a Riyadh Air encomendou 25 unidades do Airbus A350-1000, com a possibilidade de aquisição de mais 25. A companhia saudita pretende realizar seu voo inaugural ainda este ano. Com esse anúncio, sua carteira de pedidos chega a 182 aeronaves, segundo o CEO Tony Douglas.
A polonesa LOT, por sua vez, fechou contrato para 40 jatos A220, com possibilidade de ampliar o pedido para até 84 unidades. O modelo é considerado estratégico pela Airbus, que busca alcançar o ponto de equilíbrio do programa.
Airbus ganha fôlego com entregas mais rápidas
Segundo a consultoria Cirium, os pedidos firmes totalizam aproximadamente US$ 10 bilhões. Apenas o contrato com a Riyadh Air é estimado em cerca de US$ 4,6 bilhões (R$ 25,3 bilhões).
Analistas apontam que, diante das dificuldades na cadeia de suprimentos, tanto Airbus quanto Boeing estão vendendo “o que conseguem produzir”. No caso da Airbus, a vantagem está nos modelos A350, cuja entrega é mais ágil em comparação aos A320, cujas linhas enfrentam gargalos, sobretudo pela escassez de motores.
“O pedido polonês do A220 é significativo porque ajuda a sustentar um programa que ainda busca viabilidade financeira”, afirmou Sash Tusa, analista da Agency Partners em Londres.
Foto: Steven Byles

Sobre Danilo Bezerra, colunista do Por Dentro do RN
Interface é a coluna onde tecnologia, aviação, sociedade e educação se cruzam. Um espaço para refletir sobre como a inteligência artificial transforma nossas rotas, como as inovações decolam (ou colapsam) no setor público e privado, e como tudo isso impacta a forma como aprendemos, nos movemos e nos conectamos. Aqui, análise crítica e informação qualificada ganham altitude.







