Ação investiga esquema de venda de informações sigilosas com autorização do STF; seis mandados são cumpridos
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (27.jun.2025) mais uma fase da Operação Sisamnes, que investiga um suposto esquema de vazamento e venda de decisões judiciais do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de outros tribunais. Entre os alvos está o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, para quem foi expedido mandado de prisão preventiva.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos seis mandados no total. Além do prefeito, um advogado e um policial também são alvos de prisão. Há ainda três mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares autorizadas pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em nota, a Polícia Federal informou que as investigações indicam que a “organização criminosa é responsável pelo vazamento sistemático de informações sigilosas, oriundas de investigações em curso no Superior Tribunal de Justiça, com impacto direto sobre operações da Polícia Federal”. Os supostos vazamentos teriam prejudicado apurações contra juízes e advogados no Tocantins.
As investigações apontam indícios de que as informações confidenciais eram acessadas antecipadamente, articuladas e repassadas a investigados, com envolvimento de agentes públicos, advogados e operadores externos. A PF afirmou ainda que o grupo é suspeito de utilizar esses dados sensíveis para proteger aliados, frustrar ações policiais e construir redes de influência.
Em maio, durante uma fase anterior da Operação Sisamnes, a Polícia Federal já havia pedido a prisão preventiva de Eduardo Siqueira Campos. Na ocasião, o pedido foi negado pelo ministro Cristiano Zanin, que autorizou apenas buscas em endereços ligados ao prefeito, incluindo a sede da Prefeitura de Palmas e sua residência particular. Durante essas diligências, o telefone celular do prefeito foi apreendido.

Na mesma época, o prefeito de Palmas concedeu entrevista negando envolvimento com vazamento de informações sigilosas. “Eu só sei o que dizem por aí. Eu não tenho nenhuma informação privilegiada. Estou aqui para responder em relação a suposto vazamento de informação perante o STJ. Eu não tenho fonte no STJ, não é meu papel”, declarou Campos em maio.
A Agência Brasil informou que tenta contato com a defesa do prefeito para obter posicionamento sobre a nova fase da operação e sobre o mandado de prisão preventiva expedido nesta sexta-feira.
A Operação Sisamnes teve origem em uma investigação sobre o assassinato de um advogado no estado do Mato Grosso. Durante a apuração do crime, os policiais federais analisaram o celular da vítima e encontraram indícios de venda de sentenças judiciais envolvendo diferentes tribunais, inclusive o STJ. Essa descoberta abriu várias frentes de investigação.
Em fases anteriores da operação, diligências atingiram servidores do STJ. Em nota pública, o tribunal afirmou que os ministros da Corte não tinham conhecimento de qualquer eventual irregularidade cometida por integrantes de seus gabinetes.
Segundo a Polícia Federal, o objetivo das investigações é desarticular a organização criminosa e impedir a continuidade do vazamento de informações sigilosas que impactam diretamente operações policiais em curso. A corporação declarou que os mandados cumpridos nesta sexta-feira são parte das medidas autorizadas pelo STF para aprofundar as apurações sobre o suposto esquema.
As diligências realizadas incluem buscas em endereços residenciais e profissionais dos investigados, além da prisão preventiva dos três principais alvos apontados nesta fase da operação. As investigações seguem em andamento com a análise de documentos e materiais apreendidos.
Foto: Edu Fortes / Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo / Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
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