PF investiga desvio recorde de aposentadorias e patrimônio milionário de lobista ligado ao esquema
Fraude no INSS envolve R$ 392 milhões e império de luxo do “Careca do INSS”
A Polícia Federal investiga um esquema de fraude previdenciária que envolve o desvio de R$ 392 milhões de aposentadorias e a construção de um império de luxo pelo lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. As informações constam em documentos enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e em decisões judiciais da nova fase da Operação Sem Desconto.
Segundo a Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (DIRPF) de 2025, Antonio Antunes declarou à Receita Federal R$ 2,83 milhões em espécie, incluindo US$ 30 mil e R$ 28,5 mil. O montante foi registrado apenas a partir de 2024, coincidente com o auge das fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Antes disso, não havia registros de dinheiro vivo em suas declarações.
Durante o mesmo período, Antunes adquiriu mansões, 21 carros de luxo, realizou viagens internacionais e comprou um apartamento à beira-mar na Flórida por US$ 610 mil. Seu patrimônio cresceu de R$ 159 mil em 2021 para R$ 9,5 milhões em 2024 — um aumento de 5.884%. Entre os bens adquiridos está uma mansão no Lago Sul, em Brasília, cuja construção foi abandonada após bloqueio de bens pela Justiça.
Documentos da PF indicam que o lobista realizou 20 viagens internacionais entre 2023 e 2024. Ele estava em Lisboa quando a operação foi deflagrada, retornando ao Brasil dias depois. Apesar do patrimônio elevado, Antunes possui dívidas de R$ 1,5 milhão com a União, incluindo impostos, multas e ressarcimentos.
Paralelamente, a PF aponta o Sindinapi — sindicato dos aposentados que tem José Ferreira da Silva, irmão do presidente Lula (PT), como vice-presidente — como uma das entidades que mais desviou recursos de benefícios previdenciários. Embora o irmão do presidente não seja investigado, o sindicato está no centro das apurações.

A nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em 9 de outubro, teve como alvo o Sindinapi e membros da diretoria, como o presidente Milton Baptista de Souza. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, autorizou o sequestro judicial de R$ 389 milhões para ressarcir os prejuízos causados aos aposentados.
Segundo a PF, o sindicato utilizou uma rede de empresas e pessoas físicas ligadas à direção para movimentar e ocultar os recursos desviados. Em 2021, foram registrados 237 mil descontos de aposentados; em 2023, o número subiu para 366 mil. Os valores movimentados passaram de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões. Entre 2023 e 2024, mais de 47 mil pedidos de exclusão de filiação foram registrados, indicando que muitos aposentados não se associaram voluntariamente à entidade.
Em nota, o Sindinapi afirmou desconhecer o teor da investigação e declarou que responde apenas por atos amparados em contabilidade verificável. A entidade atribui o aumento de associados aos serviços oferecidos, como assistência jurídica, descontos em farmácias e colônia de férias. O sindicato considera o bloqueio judicial abusivo e informou que recorrerá da decisão.
As investigações da PF revelam um esquema de fraudes previdenciárias com impacto financeiro recorde nos cofres públicos e prejuízos diretos aos aposentados. A combinação entre enriquecimento acelerado, ocultação de patrimônio e desvios sistemáticos coloca o caso como um dos maiores já registrados no sistema do INSS.
Foto: Reprodução/Redes Sociais/ Ricardo Stuckert/PR
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