Durante a 47ª Cúpula da ASEAN, em Kuala Lumpur, líderes trataram de comércio, sanções e da situação da Venezuela
Lula e Trump discutem tarifas, sanções e mediação com Venezuela em encontro na Malásia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo (26) com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), realizada em Kuala Lumpur, na Malásia. O encontro durou cerca de 50 minutos e contou com a presença do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
De acordo com o governo brasileiro, a conversa abordou temas comerciais, diplomáticos e regionais, incluindo as tarifas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras, as sanções aplicadas a autoridades nacionais e a situação política da Venezuela.
Revisão de tarifas e sanções
Durante a reunião, Lula afirmou que o Brasil busca uma relação construtiva com os Estados Unidos e pediu a suspensão imediata do tarifaço anunciado pelo governo norte-americano em julho. A medida impôs uma taxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

“Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos, porque nós temos certeza que, na hora em que dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, a tendência natural é encaminhar para um acordo”, disse Lula.
Segundo o ministro Mauro Vieira, o presidente norte-americano autorizou sua equipe a iniciar negociações para revisão do tarifaço ainda na noite deste domingo, no horário local da Malásia. “O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda”, afirmou o chanceler.
O governo brasileiro também busca reverter as sanções aplicadas a ministros e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), que tiveram vistos de viagem revogados após a adoção das medidas comerciais pelos Estados Unidos.
Mediação na crise entre EUA e Venezuela
O chanceler Mauro Vieira informou que Lula se colocou à disposição para atuar como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo ele, o presidente brasileiro afirmou que a América do Sul é uma região de paz e que o diálogo é o caminho para soluções aceitáveis.
“O presidente Lula levantou o tema e se prontificou a ser um contato, um interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis entre os dois países”, declarou o ministro.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos enviaram tropas terrestres e um porta-aviões para o Caribe, alegando combate ao narcotráfico. O governo norte-americano realizou bombardeios a embarcações na região, dentro de uma nova etapa da campanha antidrogas. O governo da Venezuela, por sua vez, afirmou que as ações têm como objetivo desestabilizar o país e remover o presidente Nicolás Maduro do poder.
Declarações públicas e futuras visitas
Após o encontro, Lula publicou mensagem nas redes sociais classificando a reunião como “ótima” e destacando que as conversas foram “francas e construtivas”. “Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu.

O chanceler Mauro Vieira afirmou ainda que Trump demonstrou admiração pela trajetória política de Lula e que os dois líderes discutiram a possibilidade de visitas oficiais futuras. “Trump declarou admirar o perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente, tendo se recuperado e conquistado um terceiro mandato. Ele também expressou o desejo de visitar o Brasil em breve”, disse o ministro.
De acordo com o Itamaraty, Lula aceitou o convite para uma visita de retorno aos Estados Unidos, cuja data ainda será definida.
O encontro marcou a retomada do diálogo direto entre os dois governos após a adoção de medidas comerciais e diplomáticas nos últimos meses.
Fotos: Ricardo Stuckert / PR
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