Painel Epidemiológico aponta mais de 4 mil registros da doença em humanos e animais entre 2016 e 2025.
Doença transmitida por gatos cresce no Rio Grande do Norte com aumento de casos de esporotricose
A esporotricose, doença causada pelo fungo Sporothrix sp., apresenta crescimento significativo no Rio Grande do Norte. De acordo com dados do Painel Epidemiológico da Esporotricose, elaborado pelo Centro de Inteligência Estratégica para Gestão Estadual do SUS (CIEGES/RN), foram registrados 4.012 casos da doença em humanos e animais entre 2016 e 2025.
O levantamento indica que, entre os humanos, houve 856 notificações em 44 municípios, das quais 519 foram confirmadas. Entre os animais, foram contabilizados 3.156 casos em 21 municípios, com 1.639 confirmações. Natal lidera os registros em humanos, com 609 notificações, seguida por Parnamirim (56) e Macaíba (55). A capital também concentra o maior número de casos em animais, com 2.328 notificações, seguida por Parnamirim (257) e Extremoz (250).
A esporotricose é conhecida como uma zoonose, transmitida principalmente por gatos. O fungo pode ser adquirido no solo ou por contato com animais infectados. Nos humanos, a doença provoca inflamação dos gânglios linfáticos e lesões cutâneas dolorosas. A principal forma de transmissão ocorre pelo contato com lesões abertas ou fluidos de gatos infectados, além de arranhões que podem inocular o fungo na pele.

Embora cães também possam contrair a doença, os gatos são os mais acometidos. O fungo apresenta maior afinidade pelos felinos, permitindo altas cargas de fungo por lesão. Fatores como temperatura corporal elevada e hábitos como cavar para enterrar fezes ou arranhar troncos contribuem para a contaminação.
Entre os sinais clínicos nos gatos, destacam-se lesões cutâneas que não cicatrizam, aumento de volume nasal — conhecido popularmente como “nariz de palhaço” — e, em alguns casos, espirros com presença de sangue. As lesões podem se espalhar pelo corpo e atingir órgãos internos, como pulmões, embora a maioria dos casos apresente lesões localizadas.
O tratamento da esporotricose em animais é considerado complexo e oneroso, exigindo acompanhamento prolongado. A dificuldade é maior em áreas periféricas, onde há maior concentração de animais errantes ou com acesso à rua. A recomendação para prevenção inclui evitar contato com gatos infectados e restringir o acesso dos felinos ao ambiente externo, reduzindo o risco de contaminação pelo solo ou por outros animais doentes.
A expansão da doença para municípios onde não havia registros reforça a necessidade de medidas preventivas e monitoramento constante. Autoridades sanitárias alertam para a importância da identificação precoce dos sinais clínicos e do tratamento adequado para reduzir a disseminação da esporotricose no estado.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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