Colegiado mantém foco em relatos sobre repasses atribuídos a Antônio Carlos Camilo Antunes e analisa pedidos de oitiva negados durante a sessão
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS analisou, nesta semana, novos desdobramentos relacionados ao esquema de descontos aplicados a aposentados e pensionistas, incluindo depoimentos considerados relevantes para as investigações e a votação de requerimentos de convocação. Os parlamentares avaliaram informações enviadas pela Polícia Federal (PF) e apreciaram solicitações de oitiva de nomes ligados às apurações, entre eles Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Entre os elementos em discussão, integrantes da CPMI examinaram o depoimento de uma testemunha que relatou supostas ligações financeiras entre Fábio Luís Lula da Silva e Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, preso desde 12 de setembro de 2025 por envolvimento em fraudes bilionárias na Previdência. O depoimento indica que Lulinha teria recebido valores estimados em cerca de 25 milhões — sem especificação da moeda — além de uma “mesada” de aproximadamente R$ 300 mil mensais, sem definição do período em que os repasses teriam ocorrido.
A testemunha citou ainda que ambos teriam viajado juntos para Portugal, o que reforçou suspeitas de proximidade entre o filho do presidente e o operador preso. As informações foram colhidas pela PF e compartilhadas com o colegiado, que apura possíveis conexões políticas e empresariais no esquema. A PF também informou à CPMI que há indícios de relação pessoal e de possível sociedade entre Lulinha e Antônio Carlos Camilo Antunes, ponto que ainda está em fase de verificação.

Antunes é apontado pelos investigadores como um dos articuladores do esquema que envolve empresas de fachada, associações de classe e operadores financeiros responsáveis por fraudes contra beneficiários do INSS. O material repassado à comissão motivou pedidos de convocação para esclarecimentos, entre eles o requerimento apresentado pelo Partido Novo para ouvir Fábio Luís Lula da Silva.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), havia confirmado a inclusão do pedido de convocação de Lulinha na pauta da sessão desta quinta-feira (4). A justificativa mencionava indícios de movimentações financeiras relacionadas ao esquema conhecido como “Farra do INSS” e cita o caso de Ricardo Bimbo, dirigente do PT que teria recebido mais de R$ 8,4 milhões de uma empresa investigada. No mesmo período, ele teria efetuado o pagamento de um boleto ao contador de Lulinha, profissional investigado pela Operação Fim da Linha.
O requerimento foi assinado pelos deputados Marcel van Hattem (Novo-RS), Eduardo Girão (Novo-CE), Adriana Ventura (Novo-SP) e Luiz Lima (Novo-RJ). No entanto, durante a votação realizada nesta quinta-feira (4/12), a CPMI rejeitou a convocação de Fábio Luís Lula da Silva por 19 votos a 12. O debate ocorreu após a divulgação do depoimento da testemunha que relatou supostos repasses mensais de R$ 300 mil ao filho do presidente.
Na mesma reunião, os parlamentares aprovaram as convocações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro. Também foram rejeitados pedidos para ouvir dirigentes de instituições financeiras como C6, Santander e a presidente do Banco Crefisa e do Palmeiras, Leila Pereira. Esta foi a última sessão da CPMI no ano, com previsão de encerramento dos trabalhos em março de 2026. O presidente do colegiado deve solicitar prorrogação de 60 dias, decisão que caberá ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
A CPMI também rejeitou a convocação do advogado-geral da União, Jorge Messias, por 19 votos a 11. Messias é indicado pelo presidente Lula para a vaga no Supremo Tribunal Federal deixada por Luís Roberto Barroso. Um dos requerimentos foi apresentado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que argumentou que a Advocacia-Geral da União possui papel central na defesa judicial dos atos relacionados ao INSS e na responsabilização de agentes públicos e privados envolvidos em práticas ilícitas.
Outro pedido, apresentado pelo senador Magno Malta (PL-ES), mencionava atuação da AGU em medidas cautelares para bloqueio de bens de entidades investigadas, destacando que algumas delas foram excluídas da ação, entre elas o Sindnapi, que tem Frei Chico, irmão do presidente Lula, como vice-presidente. Durante a sessão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) criticou a solicitação, afirmando que a movimentação ocorreu após a indicação de Messias para o STF.
Foto: Pedro França/Agência Senado / Saulo Cruz/Agência Senado / Ricardo Stuckert / PR
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