Santa Sé afirma que relação sexual fortalece a união conjugal e deve ocorrer em vínculo único entre homem e mulher
O Vaticano divulgou um novo decreto com orientações sobre a prática sexual no casamento, assinado pelo papa Leão XIV. O documento reconhece oficialmente que a relação sexual entre cônjuges não se limita à finalidade de procriação, mas desempenha papel relevante na união matrimonial. Segundo o texto, a sexualidade contribui para “enriquecer e fortalecer” a união exclusiva estabelecida pelo sacramento.
As orientações fazem parte de um decreto publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, que citou o Código de Direito Canônico para embasar o entendimento de que a caridade conjugal deve ser compreendida de forma integral. Assim, embora a fecundidade continue sendo considerada parte do matrimônio, o documento afirma que a sexualidade possui também natureza unitiva, favorecendo o vínculo estabelecido entre os cônjuges.

Segundo o texto, essa visão integral não elimina a abertura natural à vida, mas destaca que o ato conjugal pode fortalecer o sentimento de pertencimento mútuo. O decreto afirma que a união entre marido e mulher deve respeitar princípios como “consentimento livre”, “pertencimento mútuo” e igualdade de dignidade dentro da relação.
O Dicastério afirma que tais orientações visam oferecer diretrizes uniformes aos 1,4 bilhão de fiéis católicos em todo o mundo sobre o papel da sexualidade dentro do casamento. O documento aborda também o entendimento sobre exclusividade, afirmando que o matrimônio é um compromisso perpétuo entre uma única pessoa e seu cônjuge.
Entre os pontos ressaltados está a orientação de que “um cônjuge é suficiente”, em referência à defesa da monogamia. O texto rejeita práticas que envolvem múltiplas relações simultâneas ou laços matrimoniais com mais de uma pessoa. A Santa Sé reforça que o casamento deve ser um vínculo único, indissolúvel e exclusivo, conforme a doutrina tradicional.

O decreto menciona diretamente a prática da poligamia no continente africano, incluindo casos que envolvem membros da própria Igreja Católica. Ao tratar dessa questão, o texto reitera que a instituição matrimonial, segundo a fé católica, consiste em compromisso vitalício entre um homem e uma mulher. A orientação reforça que relações múltiplas não atendem ao que a doutrina estabelece como união matrimonial.
As diretrizes também abordam a importância do consentimento livre entre os cônjuges. O Vaticano afirma que o matrimônio católico só pode ser reconhecido quando houver adesão voluntária de ambas as partes. O documento destaca que esse consentimento deve refletir decisão consciente, responsabilidade compartilhada e reconhecimento recíproco da dignidade.
Ao longo do texto, o Dicastério apresenta referências ao Direito Canônico, que define os elementos essenciais do matrimônio e as responsabilidades decorrentes desse vínculo. A publicação reforça que a sexualidade deve permanecer dentro do contexto do casamento, estruturado pela exclusividade e pelo compromisso formal.
Embora reafirme fundamentos tradicionais, o decreto traz ênfase ao aspecto unitivo da sexualidade. O Vaticano reconhece que a relação entre os cônjuges tem dimensões que vão além da reprodução biológica, contribuindo para a construção da vida conjugal. Segundo o texto, esse entendimento não contradiz a doutrina, mas amplia a compreensão sobre o papel da sexualidade.
O documento foi publicado primeiramente em italiano e distribuído às conferências episcopais. A orientação é válida para toda a Igreja Católica e estabelece diretrizes para debates internos e formação pastoral. O decreto passa a integrar as referências oficiais sobre matrimônio na doutrina contemporânea do Vaticano.
Foto: Narcin Mazur/cbcew.org.uk
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