Governo Lula intensifica ações digitais e pressiona Congresso sobre segurança e escala 6×1

Governo Lula intensifica ações digitais e pressiona Congresso sobre segurança e escala 6×1

Secom reforça campanhas institucionais enquanto Planalto amplia pressão por mudanças no Congresso

A comunicação institucional do governo Lula tem adotado um tom mais político nas redes sociais, utilizando perfis oficiais para defender pautas do Planalto, criticar ações de gestores estaduais, mobilizar trabalhadores e pressionar o Congresso. O movimento se intensificou nos últimos meses e gerou debates entre especialistas em direito público e comunicação institucional sobre os limites da atuação do governo nas plataformas digitais.

Um dos conteúdos que mais repercutiram foi o vídeo divulgado após a megaoperação policial no Rio de Janeiro. Na peça, o governo critica diretamente a ação da gestão Cláudio Castro e afirma que operações do tipo colocam “policiais, crianças e famílias inocentes em risco”. O vídeo defende que o combate ao crime deve ter “mais inteligência e menos sangue” e cita a PEC da Segurança Pública como alternativa. O material recebeu impulsionamento superior a R$ 1 milhão nas redes da Meta e acumulou mais de 70 milhões de visualizações no YouTube.

Especialistas apontam que o governo mistura conteúdos informativos — como ações de enfrentamento ao crime organizado — com posicionamentos políticos que não costumam compor a publicidade institucional tradicional. O advogado Edvaldo Barreto Jr. afirma que campanhas oficiais devem priorizar prestação de contas, o que nem sempre ocorre nas últimas peças divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom).

A estratégia digital do governo também foi utilizada durante votações no Congresso. No dia da análise do projeto que zera o Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, a conta oficial do governo publicou alerta para um possível “risco” à medida caso deputados retirassem a compensação relacionada à taxação de super-ricos. O post incentivava usuários a mobilizar redes sociais e pressionar parlamentares. A Secom afirma que não há irregularidades na prática e que as manifestações representam posições institucionais, sem promoção de autoridades, personalização política ou pedido de voto.

Paralelamente, o Planalto elevou publicamente a defesa pela extinção da escala 6×1, tema que avança de forma lenta no Congresso. A pauta ganhou centralidade nas últimas semanas, com manifestações do presidente Lula e da ministra Gleisi Hoffmann, além do ministro Guilherme Boulos. As falas criticam o relatório do deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que reduz a carga horária semanal, mas mantém o regime 6×1. Segundo o governo, houve surpresa com o texto, e a intenção é retomar a discussão no Parlamento.

O projeto original, apresentado pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP), propõe alterar a Constituição para estabelecer jornada máxima de 36 horas semanais e descanso de três dias. O relatório não chegou a ser votado por falta de consenso, e parlamentares solicitaram vista. Mesmo sem avanço formal, integrantes do governo passaram a defender publicamente que o tema permaneça na agenda prioritária.

Gleisi Hoffmann argumenta que “reduzir horas não resolve” e que o foco deve ser o sistema de folgas. Boulos defende uma jornada máxima de 40 horas semanais e limite de cinco dias trabalhados com dois dias de descanso. O governo reforçou o assunto em coletiva realizada no Palácio do Planalto.

Nas redes sociais, a comunicação do governo incorporou a defesa do fim da escala 6×1 como bandeira popular. Vídeos, peças informativas, memes e conteúdos com forte apelo foram utilizados para mobilizar trabalhadores e pressionar parlamentares. Um dos posts afirma que o regime atual faz com que trabalhadores brasileiros atuem “208 horas a mais por ano” e que 2025 pode marcar a mudança com o fim do 6×1.

Levantamento da Nexus indica que 65% da população apoia mudanças no modelo de folgas. O dado tem sido usado por integrantes do governo como argumento para manter o tema em evidência.

A combinação entre defesa de pautas econômicas, críticas a operações policiais e mobilização por mudanças trabalhistas marca a fase mais recente da estratégia digital instituída pelo governo. A atuação envolve impulsionamento de conteúdos, publicações com tom político e orientações diretas aos seguidores sobre votações e propostas que tramitam no Congresso.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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