Dados da Sesed apontam 21 casos no período; números superam registros do ano anterior
O Rio Grande do Norte contabilizou 21 casos de feminicídio entre os meses de janeiro e novembro deste ano. Os dados foram divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed). O número representa um aumento em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 17 casos no estado.
As informações fazem parte do acompanhamento oficial das ocorrências de mortes de mulheres em contexto de violência de gênero. O levantamento considera os registros formalizados pelas forças de segurança pública ao longo do ano.
De acordo com dados da rede de atendimento especializado, há um volume diário elevado de registros relacionados à violência contra a mulher no estado. O cenário inclui denúncias formalizadas por meio de boletins de ocorrência, atendimentos em delegacias especializadas e acionamentos das forças policiais.

As autoridades responsáveis pelo acompanhamento desses casos avaliam que o crescimento dos números pode estar relacionado tanto ao aumento das ocorrências quanto à maior procura das vítimas pelos canais formais de denúncia. A ampliação da visibilidade de casos recentes também é apontada como um fator que influencia a busca por apoio institucional.
As análises realizadas no âmbito das investigações indicam que os episódios registrados não apresentam um perfil único de vítimas. Os dados apontam que mulheres de diferentes faixas etárias, regiões e contextos sociais estão entre as vítimas de violência doméstica e feminicídio no estado.
Outro aspecto observado pelas autoridades de segurança está relacionado às características das agressões registradas nos inquéritos. Os levantamentos apontam que os crimes apresentam, em diversos casos, indícios de repetição de condutas violentas e planejamento prévio por parte dos agressores.

As medidas protetivas de urgência previstas na legislação seguem sendo utilizadas como instrumento de prevenção. No entanto, os órgãos de segurança destacam que a efetividade dessas medidas depende da rapidez entre a solicitação, a concessão judicial e o cumprimento pelas forças policiais. Em casos de descumprimento, a comunicação imediata às autoridades pode resultar em medidas legais previstas.
Casos recentes com repercussão nacional
Em julho de 2025, um caso registrado em Natal, no Rio Grande do Norte, ganhou repercussão nacional. Uma mulher de 35 anos foi agredida pelo ex-namorado dentro de um elevador de condomínio residencial. Câmeras de segurança registraram a agressão, na qual a vítima sofreu 61 socos. O agressor foi preso e se tornou réu por tentativa de feminicídio.
A investigação foi conduzida com base nas imagens do sistema de monitoramento, que integraram o conjunto probatório do inquérito policial. O material audiovisual foi incorporado ao processo e utilizado para o enquadramento penal do caso.
No mês de dezembro, outros episódios de violência de gênero registrados em diferentes estados também chamaram a atenção. Em São Paulo, uma mulher de 31 anos foi atropelada e arrastada por aproximadamente um quilômetro pelo ex-companheiro em uma via expressa da capital. A vítima sofreu amputação das duas pernas. O agressor foi preso e tornou-se réu por tentativa de feminicídio.
No Distrito Federal, uma militar de 25 anos foi morta a facadas dentro de um quartel do Exército. O corpo foi localizado carbonizado. O autor do crime, com quem a vítima mantinha relacionamento, confessou o homicídio e foi preso. A investigação apura feminicídio com ocultação de cadáver.
Também em São Paulo, outros casos foram registrados recentemente. Uma mulher de 38 anos foi morta a facadas pelo ex-marido dentro da residência onde vivia. Em outro episódio, uma mulher de 25 anos morreu após cair do décimo andar de um prédio. O caso, inicialmente tratado como suicídio, passou a ser investigado como feminicídio após análise de imagens de segurança que registraram agressões momentos antes da queda.
Dados nacionais sobre violência contra mulheres
Dados do Ministério das Mulheres apontam que o Brasil registrou, no último ano, 1.450 feminicídios. No mesmo período, foram contabilizados 2.485 casos de homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte contra mulheres em todo o país.
Levantamento do Senado Federal, por meio do Mapa Nacional da Violência de Gênero, indica que 58% das mulheres que sofreram algum tipo de violência não procuraram delegacias para registrar ocorrência, o que aponta subnotificação nos dados oficiais.
A Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher aponta que 23,6 milhões de brasileiras declararam já ter sido vítimas de violência doméstica ou familiar em 2025. O estudo também indica que, na maioria dos casos, os agressores mantinham ou haviam mantido relacionamento íntimo com as vítimas.
Segundo o levantamento, 62% dos agressores eram maridos ou companheiros, 11% ex-companheiros e 8% namorados. Os dados também mostram que 71% das agressões foram presenciadas por outras pessoas, sendo que, em grande parte desses casos, as testemunhas eram crianças.
Os registros nacionais indicam ainda diferenças de perfil conforme o tipo de crime. A maioria das vítimas de estupro são meninas de até 17 anos, enquanto os feminicídios atingem principalmente mulheres entre 30 e 59 anos. Entre os registros de violência sexual, mulheres de 18 a 29 anos representam parcela significativa dos casos notificados.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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