Decisão do Ministério da Saúde visa prevenir ISTs e cânceres causados pelo vírus
Pessoas entre 15 e 45 anos que utilizam a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) serão incluídas na campanha de vacinação contra o HPV no Rio Grande do Norte. A medida, anunciada pelo Ministério da Saúde em nota técnica na quarta-feira (3.jul.2024), beneficiará diretamente 1.224 usuários da PrEP no estado, ampliando a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e cânceres associados ao vírus.
O HPV é uma IST associada a verrugas genitais e ao desenvolvimento de cânceres de colo do útero, vulva, pênis, ânus e orofaringe. Além da transmissão sexual, o vírus pode ser passado por contato direto com a pele ou mucosa infectada. Existem mais de 100 tipos de HPV, sendo pelo menos 14 considerados de alto risco para câncer.
No Brasil, a prevalência de HPV foi avaliada pelo Estudo Epidemiológico sobre Prevalência Nacional HPV (POP-Brasil), envolvendo homens e mulheres sexualmente ativos entre 16 e 25 anos. O estudo mostrou que 53,6% da população possui HPV, com 35,2% apresentando genótipos de alto risco. Dos entrevistados, 50,7% afirmaram usar preservativos regularmente e 12,7% relataram ter tido uma IST anterior.
Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), destaca a importância da vacinação para usuários da PrEP na prevenção de neoplasias relacionadas ao HPV, especialmente para populações mais vulneráveis às ISTs.
“Oportunizar o acesso à vacina HPV4 para usuários da PrEP é uma ação com impacto na prevenção das neoplasias relacionadas ao HPV para populações de maior vulnerabilidade às ISTs”, afirmou Barreira.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina quadrivalente (HPV4), que protege contra as principais complicações do HPV. Atualmente, o público-alvo da vacinação inclui crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas de 9 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, pacientes oncológicos, pessoas com papilomatose respiratória recorrente, transplantados e vítimas de violência sexual.
Desde o início da vacinação contra o HPV no SUS, em 2014, 75,8% das mulheres tomaram a primeira dose e 58,2% a segunda. Entre os homens, a vacinação começou em 2017, com 53,1% recebendo a primeira dose e 33,2% a segunda. O esquema de dose única para crianças e adolescentes foi adotado recentemente para intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações.
A PrEP é uma estratégia de prevenção ao HIV, indicada para pessoas sexualmente ativas e em risco aumentado de infecção. O medicamento, composto por tenofovir e emtricitabina, é prescrito por profissionais da saúde e está disponível em 939 unidades dispensadoras (UDMs) em 540 municípios brasileiros. Em março de 2024, 84.926 pessoas usavam a PrEP, majoritariamente homens que fazem sexo com homens, mulheres trans e travestis.
A ampliação da vacinação contra o HPV para usuários da PrEP visa prevenir neoplasias em populações desproporcionalmente afetadas pelo HIV e outras ISTs. Além disso, o Ministério da Saúde reforçou a prevenção de violências, promoção da cultura de paz e saúde sexual nas escolas, destinando R$ 90 milhões para o Programa Saúde na Escola (PSE), que atingiu recorde de adesões em 2023.
Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília
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