Crise política na França: Parlamento derruba governo de Michel Barnier

Crise política na França: Parlamento derruba governo de Michel Barnier

Moção de desconfiança une extrema-direita e esquerda, lançando a França em um período de instabilidade que ameaça orçamento e governabilidade

O Parlamento francês derrubou o governo do primeiro-ministro Michel Barnier nesta quarta-feira (4.dez.2024), em um movimento histórico que aprofunda a crise política na França. Com 331 votos favoráveis à moção de desconfiança, parlamentares da extrema-direita e da esquerda uniram forças contra o governo, marcando a primeira queda de um governo francês desde 1962, quando Georges Pompidou enfrentou situação semelhante.

A crise ocorre em um momento crítico para a segunda maior economia da União Europeia, já fragilizada por desafios econômicos e pela polarização política no Parlamento. A expectativa é que Barnier renuncie nas próximas horas, junto com sua equipe de governo, apresentando a carta de demissão ao presidente Emmanuel Macron.

Orçamento em risco e desafios à governabilidade

A decisão do Parlamento coloca em xeque a capacidade do governo francês de aprovar o orçamento de 2025, essencial para enfrentar um déficit orçamentário crescente. Michel Barnier havia utilizado poderes constitucionais especiais para aprovar medidas impopulares que visavam economizar 60 bilhões de euros, provocando forte reação da oposição.

Marine Le Pen, líder da extrema-direita, justificou o voto de desconfiança afirmando que o colapso era “a única maneira de proteger os franceses de um orçamento perigoso, injusto e punitivo”. Já a esquerda acusou o governo de ignorar o Parlamento em decisões cruciais.

Sem uma solução rápida, a França corre o risco de encerrar o ano sem um orçamento aprovado, o que pode gerar instabilidade econômica e abalar ainda mais a confiança de investidores internacionais. Nos últimos dias, os custos de empréstimos franceses ultrapassaram brevemente os da Grécia, tradicionalmente considerada mais arriscada.

Impactos para Macron e próximos passos

Diante do impasse, Emmanuel Macron enfrenta um dilema: nomear rapidamente um novo primeiro-ministro ou optar por manter Barnier e seu gabinete de forma provisória enquanto busca apoio político para aprovar o orçamento.

Fontes ligadas ao governo afirmam que Macron pretende anunciar um novo premiê antes da cerimônia de reabertura da Catedral de Notre-Dame, marcada para sábado (7), que contará com a presença do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Porém, qualquer novo chefe de governo enfrentará desafios similares aos de Barnier. O Parlamento está profundamente dividido, e as próximas eleições legislativas só poderão ocorrer em julho de 2025.

Cenário de incertezas na União Europeia

A crise política francesa se soma a um cenário de instabilidade na União Europeia, já impactada pela recente implosão do governo de coalizão na Alemanha. A falta de estabilidade na França, uma das principais economias do bloco, pode agravar a turbulência política e econômica no continente.

Enquanto Macron busca alternativas, seus opositores intensificam as críticas. Líderes da oposição sugerem que a renúncia do presidente seria a única solução para a crise prolongada. No entanto, Macron tem resistido a essa possibilidade, buscando alternativas para recuperar a governabilidade.

Marine Le Pen, por sua vez, enfrenta seus próprios desafios. Apesar de capitalizar politicamente com a queda de Barnier, ela tenta convencer os eleitores de que seu partido pode oferecer estabilidade em um eventual governo.

Soluções emergenciais

Caso não seja possível formar um governo estável, a França poderá recorrer a medidas de emergência, como transferir provisões do orçamento de 2024 para o próximo ano ou aprovar o orçamento de 2025 por decreto. No entanto, essa abordagem é legalmente controversa e pode acarretar alto custo político.

A crise política na França representa um teste significativo para o governo Macron, com impactos que vão além das fronteiras nacionais, influenciando a política europeia e internacional.

Foto: European Parliament/VisualHunt

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