Capes alerta bolsistas sobre vistos nos EUA e amplia ações contra desigualdade

Capes alerta bolsistas sobre vistos nos EUA

Por Danilo Bezerra – dnlbzrr@gmail.com
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A presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, recomendou cautela aos pesquisadores brasileiros com destino aos Estados Unidos. Segundo ela, diante do cenário de incerteza na concessão de vistos estudantis, é prudente que os bolsistas considerem alternativas de destino.

“O que eu estou dizendo para as pessoas que me procuram, que têm bolsa aprovada, é: procurem outro país, porque é possível trocar de país antes de ir”, afirmou Denise durante o Fórum de Academias de Ciências do Brics, realizado no Rio de Janeiro.

Embora ainda não tenha sido registrado nenhum caso de visto negado a bolsistas da Capes, a presidente alertou que muitos estudantes têm embarque previsto para setembro, e que a real dimensão do problema será conhecida até agosto.

“Nem eles, nem a própria embaixada sabem dizer o que vai acontecer”, completou.

Endurecimento nas regras para vistos nos EUA

As preocupações têm origem em medidas adotadas desde a gestão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde então, as exigências para concessão de vistos a estrangeiros aumentaram. Entre as normas mais controversas está a necessidade de manter perfis em redes sociais abertos à análise do governo americano, além de episódios como a tentativa de impedir a Universidade de Harvard de matricular estudantes estrangeiros.

Essa rigidez nas políticas migratórias impacta diretamente programas de mobilidade acadêmica como os oferecidos pela Capes, que investe fortemente na internacionalização da ciência brasileira.

Cooperação científica internacional

Denise destacou que a cooperação internacional é uma das principais estratégias da Capes para o avanço da ciência brasileira. Em 2024, foram firmados mais de 700 projetos com 61 países parceiros. As iniciativas permitiram a mobilidade de quase 9 mil pesquisadores brasileiros e a recepção de cerca de 1,2 mil estrangeiros no Brasil.

A presidente defendeu que esse intercâmbio internacional é fundamental para ampliar a produção científica e fomentar a inovação. No entanto, ela reforça a importância de buscar novos parceiros diante da instabilidade na relação com os Estados Unidos.

Desigualdades regionais na pós-graduação

Além das questões internacionais, Denise Pires de Carvalho apresentou um panorama da pós-graduação no Brasil e chamou atenção para as desigualdades regionais ainda persistentes.

Nos últimos 20 anos, o número de cursos de mestrado e doutorado mais que dobrou, passando de cerca de 3 mil, em 2004, para mais de 7 mil em 2023. Apesar do avanço, a distribuição desses programas é desigual: dos 4.859 programas atualmente existentes, quase 41% estão na Região Sudeste, enquanto a Região Norte concentra apenas 289 cursos.

Veja a distribuição por região:

  • Sudeste: 1.987 programas
  • Sul: 991 programas
  • Nordeste: 975 programas
  • Centro-Oeste: 407 programas
  • Norte: 289 programas

Para a presidente da Capes, superar essas assimetrias é essencial para o Brasil alcançar um novo patamar de desenvolvimento.

“O Brasil só vai conseguir ser um país de alta renda como um todo se ele caminhar como o Chile caminhou. Ter um percentual maior de pessoas com educação superior aptas a entrar no mestrado e no doutorado”, afirmou. “Há uma relação direta entre desenvolvimento econômico e ciência e tecnologia. A China melhorou muito seu Produto Interno Bruto porque investiu em ciência e tecnologia”.

Estratégias para reduzir desigualdades

Entre as ações implementadas pela Capes para combater as disparidades regionais, está a reformulação das regras para concessão de bolsas de pós-doutorado. Agora, além dos programas com notas 6 e 7 (considerados de excelência), também são contemplados os cursos com nota 5 localizados na Região Norte e em cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

“Os cursos de nota 5 já são consolidados, portanto são cursos excelentes, que só não receberam nota maior porque não são internacionais ainda”, justificou Denise. “Essa bolsa de pós-doutorado é a chance de fixar esse pesquisador nessa cidade e desenvolver ainda mais esse programa”.

A medida visa promover a fixação de talentos em regiões historicamente desassistidas, contribuindo para o fortalecimento dos programas de pós-graduação e para a descentralização da produção científica no país.

Foto: greger.ravik

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Sobre Danilo Bezerra, colunista do Por Dentro do RN

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