Operação Herdeiro Oculto busca arsenal desaparecido e apura envolvimento de familiares e empresários
Polícia investiga destino de armas do ex-prefeito morto em atentado em Natal
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte realizou, na terça-feira (28), uma operação para investigar o paradeiro de armamentos que pertenciam ao ex-prefeito de São Pedro, Miguel Cabral, assassinado em fevereiro deste ano em Natal. A ação, denominada Operação Herdeiro Oculto, cumpriu mandados de busca e apreensão em residências ligadas à família do ex-prefeito e a um empresário suspeito de estar na posse das armas.
Um dos mandados foi cumprido na casa da viúva de Miguel Cabral, localizada no bairro Petrópolis, em Natal. De acordo com a Polícia Civil, há indícios de que ela teria tentado negociar o arsenal com um enteado preso, em troca da renúncia à parte da herança.
A operação resultou na apreensão de celulares, uma substância orgânica semelhante à maconha, R$ 130 mil em espécie, um fuzil, uma carabina, uma espingarda e duas pistolas. A polícia também cumpriu mandados na residência de um empresário apontado como possível detentor das armas.
Assassinato do ex-prefeito
Miguel Cabral foi morto a tiros na noite de 3 de fevereiro, no Largo do Atheneu, Zona Leste de Natal. Criminosos a pé se aproximaram de uma cigarreira onde ele estava e efetuaram disparos. O ex-prefeito foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. A perícia identificou perfurações em diversas partes do corpo, incluindo rosto, braços, pernas e tórax.
Outras duas pessoas foram atingidas nas pernas e sobreviveram após atendimento hospitalar. Miguel Cabral foi prefeito de São Pedro entre 2017 e 2024.

Histórico de envolvimento com armamentos
Em abril de 2021, o filho de Miguel Cabral e um funcionário da prefeitura foram detidos com dois fuzis, uma pistola e munições. Segundo a Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), os armamentos seriam utilizados em um plano para resgatar presos de um presídio estadual.
Na ocasião, o delegado Erick Gomes informou que o filho do prefeito desembarcou com um dos fuzis em uma sacola, além de portar uma pistola na cintura. Na residência dele, foram encontrados mais munições e outro fuzil. O valor estimado do arsenal era de R$ 170 mil, com munições avaliadas em mais de R$ 200 mil.
Em 2018, o mesmo filho foi detido em flagrante por suspeita de sequestro da ex-mulher e do filho de um ano, em Parnamirim.
Posicionamento da família
Após a operação, a família de Miguel Cabral divulgou nota oficial esclarecendo que ele era colecionador de armas devidamente registradas. Segundo o comunicado, apenas o ex-prefeito sabia onde os armamentos estavam guardados, e nenhum deles foi localizado até o momento.
A nota afirma que, caso as armas sejam encontradas, serão apresentadas à Justiça conforme a legislação vigente. A família também declarou que os armamentos apreendidos na casa do empresário são de propriedade exclusiva dele e não têm relação com o ex-prefeito ou seus familiares.
A viúva repudiou as suspeitas envolvendo seu nome e classificou as informações divulgadas como especulações infundadas.
Investigação em andamento
A Polícia Civil já prendeu os quatro executores do homicídio, localizados nos estados de Pernambuco e Ceará. A investigação segue em busca do mandante do crime e da localização do arsenal desaparecido.
Foto: Arquivo/POR DENTRO DO RN/Ilustração / Divulgação/Polícia Civil
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