Prefeito de Mossoró tenta impor candidatura de Cinthia Pinheiro à Assembleia Legislativa, mas parte da base aliada resiste
Allyson Bezerra pressiona vereadores por apoio à candidatura da primeira-dama, mas enfrenta resistência
O prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), tem intensificado articulações políticas para viabilizar a candidatura da primeira-dama, Cinthia Pinheiro, à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. A estratégia adotada envolve pressão direta sobre vereadores da base aliada e uso da estrutura administrativa municipal para consolidar apoios, gerando desconforto e resistência entre parlamentares.
Apesar da tentativa de centralizar o apoio político em torno da candidatura de Cinthia, parte dos vereadores tem se recusado a seguir a orientação do prefeito. Entre os dissidentes estão Petras Vinícius (UB), que mantém aliança com o deputado estadual Kleber Rodrigues (PSDB), e Wiginis do Gás (UB), que declarou apoio à reeleição de Ivanilson Oliveira (UB) e à deputada federal Nina Souza (UB).
Outros nomes que não aderiram ao projeto da primeira-dama incluem Vavá Martins, Ozaniel Mesquita, Ricardo de Dodoca, Alex do Frango e Tony Cabelos. Embora o prefeito tenha declarado que os vereadores estão liberados para apoiar candidatos da base estadual, relatos indicam que essa “liberdade” é apenas formal. Nos bastidores, há sinais de que a gestão municipal pode retaliar parlamentares que não se alinhem à candidatura de Cinthia, dificultando o acesso a serviços, secretarias e atendimentos.
A movimentação política revela uma tentativa de Allyson Bezerra de ampliar seu controle sobre a base aliada, utilizando a máquina pública como instrumento de pressão. A candidatura da primeira-dama, longe de ser consensual, tem provocado fissuras na base governista, com potencial para gerar rupturas mais profundas à medida que a disputa eleitoral se intensifica.

A situação se agrava com a recente mudança de posicionamento de Ivanilson Oliveira, que se filiou ao MDB e passou a integrar a base da governadora Fátima Bezerra. Essa aproximação com o governo estadual coloca em xeque a estratégia de Allyson, que busca consolidar sua própria pré-candidatura ao Governo do Estado em 2026.
A tentativa de impor a candidatura de Cinthia Pinheiro também afeta diretamente os planos de outros aliados. O presidente da Câmara Municipal, Genilson Alves, recuou de sua pré-candidatura à Assembleia Legislativa após articulações do Palácio da Resistência. A decisão foi interpretada como resultado da pressão exercida pelo prefeito para evitar concorrência interna e garantir exclusividade à candidatura da primeira-dama.
A postura de Allyson Bezerra tem gerado críticas por promover um ambiente político marcado por controle excessivo e favorecimento. A gestão municipal, que deveria garantir pluralidade e respeito às decisões individuais dos parlamentares, tem sido acusada de condicionar apoios a benefícios administrativos, criando um cenário de dependência institucional.
A candidatura de Cinthia Pinheiro, longe de unir a base, expõe fragilidades na articulação política do prefeito. A resistência de vereadores com forte atuação local, como Petras Vinícius — o mais votado em 2024 e cotado para disputar a Prefeitura em 2028 —, representa um desafio à tentativa de hegemonia política de Allyson.
A disputa interna evidencia que nem todos os aliados estão dispostos a abrir mão de suas convicções e projetos pessoais em nome da candidatura da primeira-dama. A insistência do prefeito em impor sua estratégia pode resultar em desgaste político e enfraquecimento da base, especialmente se as ameaças de retaliação se concretizarem.
Foto: Ascom/Assembleia Legislativa
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