Após uma semana de conflitos internos, integrantes da família manifestam apoio ao senador, mencionado por Jair Bolsonaro como nome do grupo para a disputa presidencial.
A família Bolsonaro encerrou a semana em torno do nome do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), após ele anunciar, nesta sexta-feira (5), que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a missão de dar continuidade ao projeto político do grupo. A declaração foi feita nas redes sociais, sem detalhar qual cargo pretende disputar em 2026, mas gerou manifestações públicas de apoio dos familiares.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, publicou mensagem afirmando ter recebido “com profunda admiração, alegria e imenso orgulho” a notícia relacionada ao irmão. Eduardo declarou que parte do eleitorado desejava Jair Bolsonaro como candidato, mas alegou que decisões judiciais impediram essa possibilidade. Segundo ele, Flávio poderia impedir o PT de avançar politicamente em um novo ciclo eleitoral. Eduardo pediu união entre aliados e apoiadores.

Em sua publicação, o parlamentar afirmou: “Faço um apelo a todos que amam a liberdade e os valores que moldaram nossa civilização: deixemos nossas diferenças para trás. Não é hora de disputas menores. É hora de proteger aquilo que nenhum povo pode perder”. A mensagem foi direcionada a grupos da direita que já se movimentam para lançar pré-candidaturas ao Planalto, como os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, frequentemente mencionado como potencial sucessor de Jair Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro era um dos nomes cogitados para ocupar espaço no bloco político, mas passou a ser alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) por supostas articulações com autoridades norte-americanas em defesa de sanções contra o Brasil. O deputado é réu por coação no curso do processo, crime relacionado ao uso de violência ou grave ameaça para favorecer interesses em ações judiciais, administrativas ou policiais. Caso seja condenado, pode ser preso ao retornar ao país.
Antes de divulgar seu próprio posicionamento, Eduardo compartilhou uma mensagem do comunicador Paulo Figueiredo, que atua como seu assessor nos Estados Unidos. Figueiredo escreveu que a candidatura de Flávio Bolsonaro deveria mobilizar apoio amplo entre os simpatizantes do grupo político, afirmando que a disputa seria difícil, mas estratégica para os próximos anos.

Heloísa Bolsonaro, esposa de Eduardo, também fez publicações durante a semana. Inicialmente, criticou conflitos internos na direita e discussões sobre sucessão neste momento político. Ela questionou a mobilização por nomes para 2026 e disse que outras ações deveriam ter prioridade. Posteriormente, após o anúncio feito por Flávio, compartilhou a nota oficial e manifestou apoio ao cunhado, pedindo orações pela família do senador.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro levou algumas horas para se posicionar, mas publicou a nota oficial do PL e desejou êxito ao senador. Na mensagem, declarou: “Que Deus te abençoe, @flaviobolsonaro, nesta missão pelo nosso amado Brasil. Que o Senhor te dê sabedoria, força e graça em cada passo, e que a mão d’Ele conduza o teu caminho para o bem da nossa nação”.
Na próxima terça-feira, Flávio e Michelle devem visitar Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal em horários distintos, entre 9h e 11h.
Semana marcada por divergências
As manifestações de apoio ocorreram após uma semana marcada por tensões dentro da família. O estopim foi uma crítica de Michelle Bolsonaro a uma articulação do PL do Ceará, comandado pelo deputado André Fernandes, relacionada ao apoio ao ex-presidenciável Ciro Gomes na disputa estadual. Os filhos do ex-presidente defenderam Fernandes, afirmando que a movimentação tinha aval de Jair Bolsonaro. Flávio classificou a crítica de Michelle como inadequada. Após encontro com o pai na segunda-feira, o senador pediu desculpas à ex-primeira-dama.
No dia seguinte, o PL realizou uma reunião emergencial para reduzir os atritos, e o acordo com Ciro foi suspenso por tempo indeterminado. A suspensão foi interpretada por parte dos envolvidos como um recuo que atendeu a demandas de Michelle Bolsonaro.

A crise ocorreu poucos dias depois de uma reunião fechada do grupo político, realizada em 24 de novembro, voltada ao alinhamento de discursos em defesa de Jair Bolsonaro, que havia sido preso preventivamente. Na ocasião, Michelle pediu que divergências fossem tratadas internamente. As discussões, porém, foram expostas publicamente na semana seguinte.
Nesse cenário, Flávio Bolsonaro passou a ser considerado porta-voz do pai, sobretudo pela proximidade e pelo mandato parlamentar. Eduardo permanece fora do país, e Carlos Bolsonaro atua no Rio de Janeiro, o que limita sua participação em agendas em Brasília. A posição atribuída a Flávio contrasta com declarações recentes de Eduardo, que afirmou que qualquer pessoa da família próxima ao ex-presidente possui condições de representá-lo enquanto durar a prisão preventiva.
Foto: RS/Fotos Públicas / Rovena Rosa/Agência Brasil / Lula Marques/Agência Brasil
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