O Censo 2022 começou também nas comunidades indígenas do RN. Para marcar esse momento no estado, o IBGE realizou um encontro com lideranças do povo indígena Mendonça, no município de João Câmara, nessa quarta-feira (10.ago.2022). Representantes de seis localidades indígenas da área estiveram na comunidade-mãe, Amarelão, para conhecer a equipe de recenseadores, dar sugestões e tirar dúvidas sobre as novidades do questionário para os povos originários do Brasil.
Antes de iniciar a entrevista em cada casa, a liderança indígena local deverá responder o Questionário de Abordagem com informações sobre saúde, educação, infraestrutura, práticas e hábitos do seu povo. No questionário do Censo 2022 aplicado nas casas, os povos indígenas têm a possibilidade de declarar até três línguas faladas por exemplo.
O cacique da comunidade Santa Terezinha (também localizada na área do povo Mendonça na região do Mato Grande) destacou outra mudança em relação à pesquisa anterior: o treinamento direcionado dos 38 recenseadores que atuarão em áreas indígenas no Rio Grande do Norte.
“Essa formação vai possibilitar que esses recenseadores, de fato, estejam capacitados para abordar esses territórios, trazendo um dado real. Consecutivamente isso vai gerar dados oficiais que vão resultar em implementação de políticas públicas para as nossas comunidades tradicionais”, avaliou Dioclécio Bezerra da Costa.
Na reunião, o chefe do IBGE no Rio Grande do Norte, Damião Ernane de Souza, lembrou que a nova metodologia do Censo para povos indígenas é fruto da mobilização de anos. “Quando o IBGE hoje dá início à coleta em todo o Brasil, ele está, de fato, trazendo o propósito de retratar o Brasil em todas as suas dimensões. Todos os povos e todos os segmentos demográficos”, acrescentou.
Recenseadores indígenas
Dos quatro recenseadores que trabalham na área do povo Mendonça, dois nasceram e moram lá. Uma delas é Amanda da Silva, de 18 anos, que vai passar pela experiência de retratar sua própria realidade e da comunidade Marajó na maior pesquisa do Brasil.
“Além do Censo mostrar o quantitativo da população do território Mendonça, ele vai visibilizar muito a cultura, a vivência das pessoas Mendonça”, disse a recenseadora indígena que também é estudante de Educação Física.
Ao assumir a função de recenseador, o professor de Matemática Dialison Melo não fugiu da missão de contribuir para a cidadania com informação e conhecimento. “Optei por concorrer a essa vaga para conhecer mais a comunidade, meus alunos e ter essas informações para poder utilizar dentro da sala de aula”, falou.
No Censo, os recenseadores trabalham em áreas próximas a sua casa sempre que possível. Isso facilita o reconhecimento pela comunidade, seja ela indígena ou não.
RN tinha menor população do Brasil em 2010
No Censo 2010, o Brasil tinha 896.917 pessoas indígenas. O Rio Grande do Norte teve a menor população indígena entre todas as unidades da federação: 2.597 pessoas. Para o IBGE, indígena é a pessoa que se autodeclara indígena.
O Censo Demográfico é a única pesquisa oficial universal capaz de contar e traçar um perfil dessa população. Além disso, o número de aldeias, comunidades, etnias e línguas é atualizado. Os resultados da operação censitária são fundamentais para as políticas públicas de proteção do patrimônio cultural e o reconhecimento da organização social, costumes, crenças, tradições e territórios indígenas.
Comunidades indígenas do RN
*A lista não esgota a possibilidade de haver mais comunidades
Sagi/Trabanda (Baía Formosa/RN)
Katu (Canguaretama e Goianinha/RN)
Tapará (Macaíba/RN)
Lagoa do Mato (Macaíba/RN)
Ladeira Grande (Macaíba e São Gonçalo do Amarante)
Amarelão (João Câmara/RN)
Assentamento Santa Terezinha (João Câmara/RN)
Serrote de São Bento (João Câmara/RN)
Marajó (João Câmara/RN)
Açucena (João Câmara/RN)
Cachoeira (João Câmara/RN)
Caboclos do Assu (Assú/RN)
Tapuia Payacu (Apodi)
Mendonça em Natal (Natal)
Rio dos Índios (Ceará-mirim)
Warao (Natal)
Warao (Mossoró)
Foto: Divulgação/IBGE/Marcelo Lima
Siga o Por Dentro do RN também no Instagram e mantenha-se informado.