Nordeste concentra quase metade dos ônibus fiscalizados no 2º turno

Nordeste concentra quase metade dos ônibus fiscalizados no 2º turno

Região teve 324 ônibus paralisados, o que representa cerca de 46% do total de veículos abordados em todo o país

A Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou dados sobre a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022, após retirar o sigilo de um recurso feito ao órgão com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

De acordo com as informações apresentadas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nesta quinta-feira (20.abr.2023), houve uma concentração “atípica” de operações da PRF na Região Nordeste, com 324 ônibus paralisados, o que representa cerca de 46% do total de veículos abordados em todo o país, 696. As demais regiões juntas tiveram 372 veículos parados.

Durante a coletiva de imprensa realizada para apresentar os dados, o ministro afirmou que a operação da PRF no segundo turno das eleições superou até mesmo as fiscalizações realizadas anualmente durante o período de festas juninas no Nordeste, o São João nordestino, que até então era a maior operação executada pela PRF na região, em eventos que duram cerca de um mês.

Além disso, os dados mostram que houve uma quantidade significativamente maior de pontos fixos de fiscalização no Nordeste (290), em comparação às demais regiões do país: Sudeste (191), Sul (181), Centro-Oeste (153) e Norte (96). O efetivo de agentes que atuaram no segundo turno das eleições de 2022 também foi maior no Nordeste (795), seguido pelas regiões Sudeste (528), Sul (418), Centro-Oeste (381) e Norte (230).

Foi empregado um valor total de quase R$ 1 milhão para o pagamento de horas extras para que agentes em folga fossem convocados para atuar no dia da eleição. O valor é bem superior aos cerca de R$ 685 mil usados para “comprar” a folga de agentes no Sudeste, por exemplo.

Essas informações reforçam as suspeitas de que a PRF teria sido mobilizada em favor da campanha à reeleição do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e em desfavor da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que acabou saindo vitorioso do pleito. Na época, a intensidade da fiscalização na Região Nordeste chamou a atenção de eleitores e mobilizou autoridades no país

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, chegou a proibir a PRF de realizar qualquer operação que afetasse o transporte público de eleitores. A Polícia Federal investiga uma viagem do então ministro da Justiça, Anderson Torres, na véspera do segundo turno, que teria sido feita para pressionar a PF a barrar eleitores na região onde Lula tinha mais votos. Torres atualmente está preso preventivamente por suspeita de envolvimento na preparação dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Foto: PRF/Ilustração/Arquivo

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