Dezembro Vermelho: casos de infecções com HIV caem, exceto entre homens de 15 a 29 anos

Dezembro Vermelho: casos de infecções com HIV caem, exceto entre homens de 15 a 29 anos

Mês carrega campanha de conscientização sobre Aids e outras ISTs; professora de Enfermagem orienta sobre as formas de contágio e tratamentos disponíveis

Graças aos avanços científicos nas formas de prevenção e tratamento, depois de mais de 40 anos da pandemia de HIV no mundo, o desenvolvimento da Aids tem diminuído, mas ainda precisa de atenção. Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil vem registrando queda nos casos de HIV/Aids ao longo dos anos, exceto entre homens de 15 a 29 anos. Neste cenário, especialistas lembram que a prevenção ainda é a melhor arma contra essa e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Para a professora de Enfermagem da Estácio, Tallita Adriano, é essencial que os jovens saibam se proteger dessa e das outras ISTs antes de começarem sua vida sexual, porque é principalmente pelo ato sexual desprotegido que a transmissão acontece. Nos últimos dez anos, de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde de 2020, o número de casos de HIV/Aids aumentou 64,9% na faixa etária de 15 a 19 anos.

“É importante promover ações de saúde para conscientizar o adolescente, mas é preciso que esse assunto também seja trabalhado em casa, os pais com seus filhos, para desmistificar esse tabu em torno da vida sexual que só colabora para a desinformação e para aumentar o risco de contaminação desses jovens”, afirma.

Hoje, muitas ISTs têm tratamento e cura, como a sífilis, tricomoníase, clamídia e gonorreia, porém a Aids, que recebe o destaque nesse mês com a campanha Dezembro Vermelho, não é uma delas.

“Apesar de hoje em dia nós termos à disposição a profilaxia pós exposição de risco (PEP), que é um grupo de medicamentos que reduzem o desenvolvimento da infecção, a Aids não tem cura, o que pode comprometer muito a saúde do indivíduo que for diagnosticado, tanto no fisiológico quanto no psicológico, devido ao tabu que cerca a doença”, diz Tallita.

A docente lembra ainda que antigamente, quem testou positivo para HIV sentia como se houvesse recebido um atestado de óbito, e esse impacto segue no imaginário da população. “Por isso, é necessário atentarmos para a prevenção na relação sexual, mas caso aconteça uma infecção, o indivíduo deve procurar imediatamente os serviços de saúde para iniciar o quanto antes o tratamento e o acompanhamento”, orienta.

Exames devem ser frequentes

Tallita destaca que também é importante manter uma frequência nos exames de check-up porque as ISTs são doenças “silenciosas”, isto é, podem ficar anos sem apresentar sintomas.

“Muitas vezes, nós descobrimos a doença na mulher, que costuma procurar o médico com mais frequência, e convidamos o parceiro para fazer os testes também, até porque não adianta ela fazer o tratamento se vai continuar exposta à relação sexual com um parceiro possivelmente contaminado. Então o ideal é que homens e mulheres mantenham a frequência de testes para que o casal faça o tratamento juntos, se necessário”, afirma.

No público feminino, testes são feitos anualmente junto ao exame preventivo, e em caso de gravidaz, na primeira consulta de pré-Natal e durante toda a gestação. Para a população em geral, homens, mulheres que não estão grávidas e adolescentes, são recomendados os testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatite B e C disponíveis em todas as unidades básicas de saúde, com resultados disponíveis em 30 minutos.

A profissional de saúde lembra que “tanto a camisinha masculina quanto a feminina tem o mesmo parâmetro de proteção durante o ato sexual”. Logo, mulheres também devem ser incentivadas a buscar o preservativo nos postos de saúde e testar seu uso.

“O uso da camisinha feminina é interessante porque ela pode ser colocada até oito horas antes do ato sexual, o que previne de esquecimentos ou impulsos desprotegidos, mas sempre lembrando que as duas não devem ser usadas juntas: ou o homem usa, ou a mulher usa”, esclarece a profissional de saúde.

Diferença entre HIV e Aids

Quarenta anos após a doença ter sido identificada pela primeira vez, a diferença entre a Aids e o HIV ainda causa dúvidas na população. O HIV é o vírus da imunodeficiência humana e há pessoas que, mesmo contaminadas, passam anos e anos sem apresentar sintomas e sem saber que estão infectadas, o que é um risco. Dessa forma, o indivíduo pode ser um agente transmissor do vírus sem saber.

Tallita explica que o vírus age principalmente nas células de defesa do organismo e deixa enfraquecido o sistema imunológico. “Nesse momento, considera-se que a pessoa desenvolveu a Aids, e dessa forma, outras doenças oportunistas, como pneumonia e tuberculose, conseguem se instalar”, diz.

Em caso de diagnóstico positivo, Tallita conta que é reunida uma equipe multiprofissional para levar a informação ao paciente de forma sensibilizada e imediatamente a pessoa é encaminhada para o serviço de referência de doenças infectocontagiosas para iniciar a terapia com medicamentos que deverão ser tomados diariamente. “Felizmente, com o avanço da tecnologia, essas medicações estão cada vez mais eficientes, e se a pessoa seguir o tratamento de acordo com a prescrição médica, pode ter uma vida normal, desde que redobre os cuidados com a proteção de futuros parceiros e mantenha o acompanhamento médico”, finaliza.

Foto: Divulgação

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