Empresas de ônibus criadas com dinheiro do crime são alvos da maior operação contra a infiltração do PCC no poder público municipal
Na manhã desta terça-feira (9.abr.2024), a Operação Fim da Linha, resultado de uma investigação de quatro anos, deflagrou a maior ação já realizada contra a infiltração do crime organizado no sistema de transporte público de São Paulo. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Estado, em conjunto com a Receita Federal e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mira duas das maiores empresas de ônibus da capital paulista, criadas com dinheiro do PCC.
Ao todo, 52 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em todo o estado com o apoio de 340 policiais da Tropa de Choque da PM. A Justiça decretou a prisão de três acionistas das empresas e de um contador, além de determinar medidas cautelares contra outros cinco acusados. O bloqueio de R$ 684 milhões em bens das empresas também foi determinado.
Investigações revelam esquema de cartel e lavagem de dinheiro
As empresas investigadas fariam parte de um cartel montado pelo PCC para dominar o sistema municipal de transportes, especialmente nos bairros da capital. Os 13 lotes daquele grupo de linhas de ônibus foram licitados em 2019 e estavam avaliados em R$ 22,2 bilhões – a maioria foi concedida a uma única companhia.
Um dos casos mais emblemáticos é o do lote 4, na zona leste, concedido à UPBus, empresa controlada por integrantes da cúpula do PCC e seus familiares, segundo as investigações. O mesmo modus operandi foi utilizado para os lotes 10 e 11, controlados pela Transwolff, a terceira maior empresa do setor na cidade. Elas e seus diretores são os principais alvos da operação desta terça-feira.
Contador do Lulinha é investigado por lavagem de dinheiro
João Muniz Leite, conhecido como o contador do Lulinha por ter trabalhado para Fábio Luis Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também é alvo da operação. A 1ª Vara de Crimes Tributários expediu mandado de busca e apreensão para encontrar provas que corroborem indícios de que ele seria peça fundamental no esquema de lavagem de dinheiro da facção através da empresa de ônibus UPBus.
Foto: André Bueno/Ilustração
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