MPF recomenda que Câmara de Mossoró reconheça erro histórico em ter apoiado o golpe militar e a ditadura

MPF recomenda que Câmara de Mossoró reconheça erro histórico em ter apoiado o golpe militar e a ditadura

Recomendação exige medidas para superar o passado autoritário e defender a democracia

O Ministério Público Federal (MPF) emitiu uma recomendação à Câmara Municipal de Mossoró, instando-a a reconhecer oficialmente os eventos de 1964 como um golpe militar, abandonando a referência equivocada de “movimento revolucionário”. Além disso, a recomendação enfatiza a necessidade de esclarecer que agentes da ditadura foram responsáveis por graves crimes contra a humanidade, como tortura e homicídios, e destaca que vereadores da própria casa legislativa foram indevidamente cassados durante esse período sombrio da história brasileira.

O MPF ressalta que o golpe militar pode ser caracterizado como tal desde o seu início, pois a Constituição de 1946, vigente na época, não permitia a deposição violenta ou sob grave ameaça de um presidente democraticamente eleito, como ocorreu no movimento autoritário de 1964.

A recomendação também destaca a importância da ampla publicidade das atas das sessões da Câmara que evidenciam o colaboracionismo civil com os militares, destacando a necessidade de transparência e revisão histórica.

Um erro histórico significativo mencionado na recomendação é o apoio expresso pela Câmara Municipal de Mossoró às Forças Armadas logo após o golpe, com votos de louvor e gratidão aos militares. Tal atitude é vista como o início da colaboração do poder legislativo local com o regime militar.

O procurador Emanuel de Melo Ferreira, autor da recomendação, ressalta que o golpe militar não restaurou a ordem e a lei, mas instaurou uma ditadura que cometeu graves violações dos direitos humanos, conforme documentado pela Comissão Nacional da Verdade. Além disso, a retórica da Câmara em torno dos comunistas como “inimigos da pátria” é vista como parte da desumanização promovida pela doutrina da Segurança Nacional.

A recomendação busca atender às demandas da Justiça de Transição, promovendo uma cultura democrática que supere o passado autoritário do país e garanta os direitos dos anistiados políticos. Vale ressaltar que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por graves violações dos direitos humanos durante a ditadura militar.

O presidente da Câmara Municipal de Mossoró tem 30 dias para responder ao MPF sobre o acatamento ou não da recomendação, destacando a importância do reconhecimento e da revisão histórica como passos essenciais para a consolidação da democracia e da justiça no Brasil.

Foto: Wilson Moreno/Secom/PMM/Ilustração

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