Arte do sertão potiguar ganha o mundo com bordados tradicionais nas jaquetas olímpicas
Timbaúba dos Batistas, uma cidade de 2.400 habitantes no Seridó do Rio Grande do Norte, assumiu um papel importante nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. As bordadeiras locais foram escolhidas para confeccionar as jaquetas da delegação brasileira, um reconhecimento da tradição e habilidade artesanal que remonta ao século 18.
A cidade entregou recentemente quase 2.200 peças bordadas, destacando-se com representações de araras, tucanos e onças-pintadas. A presidente da Associação das Bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, Salmira Torres, explicou que o projeto contou com o apoio do Sebrae e do Instituto Riachuelo. “O Instituto Riachuelo, conhecendo nosso trabalho, nos convidou para criar jaquetas com produtos reciclados e bordados que representassem a fauna brasileira”, disse.
O projeto é fruto de um trabalho contínuo de empreendedorismo na cidade. Renata Fonseca, do Instituto Riachuelo, enfatizou a importância de conectar as bordadeiras diretamente com o consumidor final. “Queremos dar visibilidade ao trabalho delas, qualificando-as e reduzindo a dependência de atravessadores”, afirmou.
João Hélio Cavalcanti, do Sebrae RN, destacou ações para promover os bordados no mercado. “Apoiamos a participação em feiras, eventos, e no desenvolvimento de coleções temáticas”, disse.
A tradição do bordado em Timbaúba dos Batistas tem raízes profundas, como conta Arysson Soares, filho de Iracema Soares, patrona da Casa das Bordadeiras. “Minha mãe iniciou esse movimento para oferecer um meio de vida para as mulheres da cidade quando a economia do algodão entrou em declínio”, relembrou.
Marileuza Silva, uma das bordadeiras, aprendeu com Iracema. “O bordado foi um complemento salarial para minha família”, contou.
A Associação das Bordadeiras, fundada em 1984, e a Cooperativa das Mãos Artesanais, criada em 1993, são hoje os principais centros de qualificação e exposição do trabalho artesanal local. Após o projeto olímpico, Salmira Torres planeja ampliar as atividades, com uma feira diária de artesanato, cultura e gastronomia.
Atualmente, cerca de 700 pessoas em Timbaúba dos Batistas trabalham com bordado, tornando essa arte a principal fonte de renda da cidade.
Foto: Alexandre Loureiro/COB
Com informações da Agência Brasil
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