Crise no fornecimento de carnes ao Carrefour Brasil gera desabastecimento

Crise no fornecimento de carnes ao Carrefour Brasil gera desabastecimento

Suspensão de entregas por frigoríficos brasileiros reflete embate com matriz francesa, após decisão de boicote ao Mercosul

O fornecimento de carnes brasileiras ao Carrefour Brasil foi interrompido por alguns dos maiores frigoríficos do país, incluindo JBS, Marfrig e Masterboi, após o anúncio de que a matriz francesa da rede deixará de comercializar carne do Mercosul. A decisão já afeta 150 lojas da rede no Brasil, e projeções indicam que o desabastecimento total pode ocorrer em poucos dias.

Segundo fontes do setor em matéria publicada pelo Estadão, aproximadamente 50 caminhões com carnes destinados ao Carrefour tiveram suas entregas bloqueadas no sábado (23.nov.2024). Estima-se que entre 30% e 40% das gôndolas do grupo já apresentem falta do produto. A Friboi, principal marca da JBS, suspendeu 100% do fornecimento de carne bovina à rede Atacadão, subsidiária do grupo no Brasil.

Causas e repercussões internacionais

O movimento dos frigoríficos brasileiros foi uma resposta direta às declarações do presidente global do Carrefour, Alexandre Bompard, que afirmou que a rede na França não venderia mais carne oriunda do Mercosul. A decisão foi atribuída a pressões de agricultores franceses contrários ao acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano. Embora a França tenha comprado menos de 40 toneladas de carne bovina brasileira em 2024, a medida levanta preocupações sobre o impacto na imagem global da carne nacional.

O governo brasileiro manifestou apoio às ações dos frigoríficos. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, elogiou a decisão das indústrias, afirmando que o Brasil não aceitará práticas discriminatórias. “Se o Mercosul não é bom o suficiente para a França, também não é para o Carrefour no Brasil”, afirmou Fávaro.

Cenário futuro

Fontes ligadas ao Carrefour revelaram que a diretoria da rede no Brasil busca negociar a retomada das entregas, mas os frigoríficos condicionam o retorno a uma retratação pública do grupo em nível global. Entidades do agronegócio, como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), endossaram a suspensão, reforçando que o Brasil deve proteger seus produtores.

O desdobramento da crise deve ser acompanhado de perto, especialmente por suas possíveis repercussões na relação comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Enquanto isso, consumidores e supermercados no Brasil enfrentam a ameaça de desabastecimento, evidenciando a complexidade e as tensões do mercado global de proteínas.

Foto: Mike Knell/Visualhunt

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