Estatal teve rombo de R$ 2 bilhões até setembro e implementou teto de gastos e cortes para evitar insolvência
Os Correios registraram, entre janeiro e setembro de 2024, o maior prejuízo de sua história para o período: R$ 2 bilhões. As informações foram publicadas nesta terça-feira (3.dez.2024) pelo site Poder 360. Caso o ritmo de perdas se mantenha, a estatal pode ultrapassar o recorde negativo de 2015, quando o deficit chegou a R$ 2,1 bilhões durante o governo Dilma Rousseff. Para evitar uma possível insolvência, a empresa decretou um teto de gastos e anunciou uma série de medidas de contenção financeira.
Medidas adotadas para reduzir o rombo
Em outubro, a estatal fixou um limite de despesas em R$ 21,96 bilhões para o ano. Além disso, foram implementadas três ações principais:
- Suspensão de contratações terceirizadas por 120 dias.
- Renegociação de contratos em vigor com redução mínima de 10% nos custos.
- Encerramento ou prorrogação de contratos com base nas economias obtidas.
Mesmo com as medidas, a previsão é de um prejuízo de R$ 1,7 bilhão para 2024, resultado de uma receita revisada de R$ 20,1 bilhões, abaixo da estimativa inicial de R$ 22,7 bilhões.
Causas do prejuízo segundo os Correios
A empresa atribuiu a deterioração financeira a fatores como:
- Herança contábil da gestão anterior (2019-2022): O período foi responsabilizado por débitos acumulados.
- “Taxa das blusinhas”: A política de tributação sobre encomendas internacionais teria reduzido o volume de importações e, consequentemente, as receitas com entregas.
Apesar da justificativa, os Correios apresentaram lucro em três dos quatro anos da gestão anterior.
Impactos de decisões recentes
A gestão atual, sob comando de Fabiano Silva dos Santos, tomou medidas que afetaram significativamente o orçamento. Em novembro, foi revelado que os Correios desistiram de recorrer em uma ação trabalhista de R$ 600 milhões, lançando o impacto financeiro no exercício de 2022. Além disso, outra ação no valor de R$ 400 milhões foi paga diretamente, sem contestação.
A estatal também assumiu uma dívida de R$ 7,6 bilhões com o fundo de pensão Postalis, cobrindo metade do deficit previdenciário acumulado.
Contratações em meio à crise
Apesar do cenário negativo, os Correios abriram concurso público para preencher 3.511 vagas com salários de até R$ 6.872,48. A empresa garantiu que as provas serão realizadas e que, até o momento, não houve rompimento de contratos nem demissões.
Futuro da estatal
As medidas emergenciais visam evitar a insolvência e estabilizar as contas. No entanto, a situação financeira permanece delicada, levantando dúvidas sobre a viabilidade da estatal sem uma intervenção mais significativa. O Tribunal de Contas da União (TCU) segue investigando as decisões administrativas recentes, que tiveram impacto direto no orçamento da empresa.
Fotos: Arquivo/POR DENTRO DO RN/Ilustração / Joédson Alves/Agência Brasil
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