Documento encontrado em operação apura inconsistências entre valor do imóvel declarado ao TSE e o custo da reforma
A Polícia Federal identificou um contrato de reforma avaliado em R$ 900 mil para a casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. O documento foi encontrado durante uma operação de busca e apreensão no escritório do Partido Liberal (PL), em Brasília, como parte das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (5.dez.2024) pelo jornal O Globo.
O contrato, datado de 11 de outubro de 2023, estava em uma pasta sobre a mesa do ex-presidente. Apesar de detalhar o orçamento da reforma, o documento não possui assinaturas, nem de Bolsonaro, nem da empresa responsável pelos serviços. A reforma incluiu mão de obra e materiais, com um cronograma de pagamentos dividido em cinco etapas, e previsão de conclusão em 100 dias úteis.
Inconsistências nos valores declarados
O relatório da Polícia Federal apontou que o valor da reforma chamou atenção devido à discrepância com a declaração de bens apresentada por Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022. Na ocasião, o imóvel foi avaliado em R$ 98.500, enquanto a reforma custou quase dez vezes esse valor.
Embora a legislação brasileira não exija a atualização dos valores de imóveis declarados ao TSE, corretores locais estimam que a propriedade valha aproximadamente R$ 2,5 milhões, considerando sua localização privilegiada, próximo à praia, e características como tamanho e estrutura.
Detalhes das melhorias na residência
Não há descrição detalhada no contrato sobre as obras realizadas. Contudo, vídeos divulgados por Bolsonaro e seus apoiadores mostram mudanças significativas na propriedade, incluindo a troca de janelas de madeira por blindex, a instalação de novos pisos e portões, a pintura completa da edificação, a reconstrução parcial de um dos muros e a construção de uma nova área de churrasqueira.
Defesa e contexto judicial
Até o momento, a defesa de Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre o caso. A descoberta do contrato intensifica as investigações em curso, nas quais o ex-presidente já foi indiciado por tentar reverter os resultados das eleições de 2022.
Em março deste ano, informações divulgadas indicaram que Bolsonaro acelerou as obras após considerar a possibilidade de bloqueio de seus bens em decorrência de decisões judiciais relacionadas aos inquéritos em que figura como investigado.
O caso segue sob análise da Polícia Federal, que busca esclarecer possíveis irregularidades e identificar a origem dos recursos utilizados na reforma.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Com informações do O Globo
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