Poeta Jean Sartief lança sua sétima obra literária no Brasil e em Portugal

Poeta Jean Sartief lança sua sétima obra literária no Brasil e em Portugal

Autor tem uma bela carreira nacional e internacional dedicada tanto às artes visuais como à literatura

Jean Sartief, poeta potiguar, lança seu sétimo livro chamado Desrazão à venda pelas redes sociais do autor para o público potiguar. O livro é o primeiro de sua leva escrito em Portugal, onde mora desde 2019 e desenvolve um trabalho de pesquisa em literatura.

Sartief tem uma bela carreira nacional e internacional dedicada tanto às artes visuais como à literatura. A instigante capa do livro parte desse pressuposto metafórico das infinitas possibilidades que a vida dispõe. A fotografia é do próprio autor que sempre trabalhou com provocações visuais.

Desrazão parte do desconforto sentido após o término da pandemia. “Havia uma ânsia de que tudo terminasse, mas também senti um medo de voltar para a rua; um medo de tirar a máscara e aí percebi como a questão da proteção nos coloca aprisionados em nós mesmos. Enquanto todos estavam ansiando pela volta da normalidade, eu de repente me percebi atraído pelo movimento inverso e entendi que isso também era um sufocamento da minha mente”.

Augusto de Campos em Teoria da Poesia Concreta, reflete sobre a existência de poetas torturados pela angústia da expressão e Desrazão parece colocar Sartief nessa delicada aflição de quem tem muito a dizer do seu universo prestes a implodir e desta forma nos tira, por consequência, de um certo sonambulismo de massa. Suas poesias parecem tecer uma narrativa muito simbólica e intensa, às vezes longa, às vezes curta, mas sempre muito instigante porque o poeta põe olhos onde nunca teríamos lugar e nos convida tanto à reflexão como a entrar em lugares obscuros e essa é a grande força dos agoniados poetas. Cada palavra, cada verso deste livro é uma investigação do poder da linguagem que fita múltiplas referências.

No prefácio, Conceição Flores, pesquisadora, doutora e professora de literaturas reformada, indica que o poeta “se inscreve sob as vivências de um tempo marcado pela coexistência precária entre razão e desrazão do mundo atual”. O poeta traz uma elegância ímpar na elaboração de um livro marcado por conflitos que são vivenciados por todos.

Como tem que ser na construção da saúde mental, há uma intensidade que percorre caminhos próprios que o poeta não se abstém de investigar transcorrendo assim sua própria saga. Nela, Sartief junta todos os planos simbólicos possíveis: afetivos, sexuais, religiosos, políticos, cosmológicos e o que mais puder abarcar como o luto, a guerra e por aí vai. Engana-se, porém, quem pensar que ele não está preocupado com uma linha poética. Ela existe e camufla-se justamente nas interseções do excesso, mas que trazem o âmago (e título) do livro, a desrazão.

Muito bem conduzido, é nessa decifração proposta que o bardo adentra no jogo semântico sem cair, ou melhor, passando longe do pieguismo saturado de tantas produções que existem e dizem o óbvio. Desrazão apresenta uma centena de poesias nesta veia condutora, da qual selecionamos uma, que talvez forneça uma leitura para a visualidade da capa, O ovo do caos.

Ali onde o tempo é apuro e crava
como um provérbio cheio de dentes
nasci como se eu tivesse saído
de dentro de uma montanha de pedras
tal quando a noite partiu-se ao meio
e na terra e no céu
pousaram os olhos de Eros
abandonando o ovo do caos
onde Simias gargalhava.

O ovo tem assim essa simbologia como também princípio irredutível da vida. A poesia é uma referência àquela que é considerada o primeiro poema visual do mundo, criada em 300 A.C pelo poeta Simias de Rodes ao qual refere-se às gargalhadas. Interessante que Sartief não alude desse tempo distinto, mas do tempo de hoje. O Caos referido é este em que o mundo está (pandemias, guerras, desgovernos, matanças etc) ao qual todos temos que enfrentar saindo dessa montanha de pedras que é a mãe, a fortaleza, a proteção, um novo nascimento.

Já na poesia Para quem? o autor traz o questionamento acerca desse mundo que vivemos e coloca o leitor nessa posição de responder outra de suas angústias. “Para quem a fome de integridade ergue-se/nesse mundo parido de mentiras?” Desrazão, traz várias costuras entre o social, a política, a religião e o discurso amoroso. Em Fecundo, Sartief subverte também a religiosidade trazendo para seu campo homoafetivo. Assim, termos que estariam associados a uma prática espiritualizada como cânticos, pastor e suas ovelhas e outros que vemos ao longo do livro são colocados à ordem da afetividade “a esperança dos amantes” e “as línguas de dois homens que tocam-se”.

como um cântico elevado nos desertos
qual sede de um pastor e suas ovelhas
como ar protegido nos pulmões
a fuga e logo depois o privilégio do encontro
como a esperança dos amantes
breve nitidez pela primeira vez em meus olhos
como as línguas de dois homens que tocam-se
elevo-me quando avisto-te no caminho
.”

Em Desrazão, Sartief constrói uma obra poderosa que merece ser lida e estudada. Vale lembrar que o livro tem edição limitada por isso segue a dica mais valiosa: não perca tempo e garanta o seu.

Mais informações:

Título: Desrazão
Autor: Jean Sartief
Gênero: Poesia
Fotografia da capa: Jean Sartief
Editora: Selo editorial Giro
Páginas: 111 – Papel pólen, 90g
Venda: @sartief
Valor:R$45,00 + taxas de envio (correios).
Contato: [email protected]

Fotos: Divulgação

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