Presidente Lula comenta decisão do Copom e reforça confiança no novo presidente do BC, Gabriel Galípolo
O Banco Central (BC) elevou, nesta quinta-feira (30.jan.2025), a taxa Selic, juros básicos da economia, em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom). A medida, já esperada pelo mercado financeiro, reflete as incertezas globais, especialmente nos Estados Unidos, e as pressões inflacionárias no Brasil. Esta foi a quarta alta consecutiva da Selic, consolidando um ciclo de contração na política monetária.
Contexto global e impactos no Brasil
O Copom destacou em comunicado que as incertezas externas, principalmente relacionadas à política monetária do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), têm gerado volatilidade nos mercados. No cenário doméstico, a economia brasileira está aquecida, com a inflação cheia e os núcleos inflacionários (que excluem preços voláteis como alimentos e energia) acima da meta estabelecida. Além disso, as incertezas sobre os gastos públicos têm impactado os preços dos ativos e as expectativas dos agentes econômicos.
O comitê afirmou que continuará monitorando de perto como os desenvolvimentos da política fiscal afetam a política monetária e os ativos financeiros. “A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas”, ressaltou o comunicado.
Próximos passos e metas inflacionárias
O Copom confirmou que elevará a Selic em mais 1 ponto percentual na reunião de março, mas não sinalizou se as altas continuarão em maio. A decisão dependerá da evolução da dinâmica da inflação. “O ciclo de aperto monetário será ditado pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, afirmou o comitê.
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em dezembro, o IPCA ficou em 0,52%, acumulando alta de 4,83% em 2024, acima do teto da meta do ano passado. A partir de janeiro, o sistema de meta contínua entrou em vigor, com uma meta de inflação de 3% e intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Previsões e desafios
O Banco Central mantém a previsão de que o IPCA termine 2025 em 4,5%, mas as estimativas do mercado são mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,5%, acima do teto da meta. O Copom também revisou suas projeções, estimando que o IPCA chegará a 5,2% em 2025 e 4% no acumulado em 12 meses até o terceiro trimestre de 2026.
Impactos no crédito e na economia
O aumento da Selic tem como objetivo conter a inflação, mas também encarece o crédito e desestimula o consumo e a produção. No último Relatório de Inflação, o Banco Central elevou para 2,1% a projeção de crescimento da economia em 2025. O mercado, no entanto, projeta uma expansão um pouco menor, de 2,06% do PIB.
Declarações de Lula sobre a decisão do Copom
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a decisão do Copom, afirmando que não se surpreendeu com a alta de juros. “Já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente [Roberto Campos Neto]. O Galípolo fez aquilo que ele entendeu que deveria fazer”, disse Lula em conversa com jornalistas.

O presidente expressou total confiança no novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e destacou que ele terá autonomia para conduzir a política monetária. “Eu tenho 100% de confiança no trabalho do Galípolo. Ele vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros menor, no tempo em que a política permitir”, afirmou.

Lula também reforçou a importância de uma taxa de juros controlada para estimular investimentos, gerar empregos e promover a distribuição de riqueza no país. “Eu não esperava milagre. Eu esperava que as coisas acontecessem da maneira que ele [Galípolo] entendeu que devem acontecer”, concluiu.
Foto: Leonardo Sá/Agência Senado / Jose Cruz/Agência Brasil
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