Medida de 25% sobre importações entra em vigor e impacta setor siderúrgico do Brasil
A Casa Branca confirmou, na terça-feira (11.mar.2025), que irá implementar tarifas de 25% sobre aço e alumínio de todos os parceiros comerciais, sem exceções. A medida, anunciada em fevereiro, entra em vigor à meia-noite desta quarta-feira (12.mar.2025). O Brasil, um dos principais exportadores de aço para os Estados Unidos, pode ser significativamente afetado pela decisão.
Impacto nas exportações brasileiras
Produtos semiacabados de aço estão entre os principais itens exportados pelo Brasil para os EUA, ao lado de petróleo bruto, produtos semiacabados de ferro e aeronaves. Segundo dados do governo americano, o Canadá foi o maior fornecedor de aço para os EUA em 2023, com 20,9% do total, seguido pelo Brasil (16%) e México (11,1%). Em valores, o Brasil ficou atrás do México, recebendo US$ 2,66 bilhões, contra US$ 2,79 bilhões dos mexicanos e US$ 5,89 bilhões dos canadenses.

Cerca de metade das exportações de aço do Brasil tem como destino os EUA, o que coloca em risco uma parcela significativa da produção siderúrgica nacional. Em janeiro, o Brasil foi o maior exportador de aço em volume, com 499 mil toneladas, superando o Canadá (495 mil toneladas).
Justificativas e reações
Na ordem executiva de fevereiro, o ex-presidente Donald Trump mencionou o aumento expressivo das importações de aço chinês pelo Brasil como uma das justificativas para elevar as tarifas e cancelar cotas para grandes fornecedores. O Instituto Aço Brasil rebateu o argumento, afirmando que o país não está importando grandes quantidades de aço chinês para redirecionar a produção nacional para os EUA.

“O mercado brasileiro também vem sendo afetado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China”, disse o Instituto em nota. A entidade ressaltou que não há possibilidade de o Brasil servir como intermediário para a exportação de aço chinês para os EUA.
Contexto histórico e possíveis retaliações
Em 2018, o governo Trump já havia aplicado uma tarifa de 25% sobre o aço importado pelos EUA, mas reduziu a cota de importação de aço semiacabado do Brasil dois anos depois. Em 2022, sob a administração de Joe Biden, as medidas restritivas foram revogadas.
Diplomatas brasileiros já esperavam a imposição das tarifas e avaliam que o país pode precisar adotar medidas retaliatórias para conter os impactos negativos. A decisão sobre as tarifas é vista como uma estratégia de Trump para cumprir a promessa de campanha de reindustrializar os EUA.
Impacto nas empresas brasileiras
As medidas devem afetar grande parte das vendas das siderúrgicas brasileiras. Empresas como Ternium, ArcelorMittal e Usiminas, que exportam uma parcela significativa de sua produção para os EUA, devem ser as mais impactadas. A Gerdau, por outro lado, deve ser menos afetada, já que menos de 10% de suas exportações têm como destino a América do Norte.
Marco Antônio Castello Branco, ex-presidente da Usiminas, estima que as siderúrgicas brasileiras podem perder até US$ 5 bilhões (R$ 29 bilhões) devido às novas tarifas.
Reações políticas e negociações
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a medida de Trump, afirmando que não tem medo de “cara feia” e que espera ser tratado com respeito. Na semana passada, Brasil e EUA deram o primeiro passo para negociar um acordo que minimize os impactos das tarifas sobre as exportações brasileiras. O assunto foi discutido em uma reunião entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes da equipe de Trump.

Além do aço e do alumínio, Trump também anunciou o aumento de alíquotas para outros produtos, como o etanol. O Brasil argumenta que suas exportações não representam uma ameaça às indústrias americanas, já que as economias dos dois países são complementares. Além disso, as empresas dos EUA que dependem de produtos siderúrgicos para a produção serão as mais afetadas pelo aumento dos custos.
Foto: @WhiteHouse/Fotos Públicas / Anamul Rezwan/Pexels / SHOCKPhoto by Szoka Sebastian/Pexels
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