Operação Curari Domi investiga fraude em ações judiciais de internação domiciliar no RN

Operação Curari Domi investiga fraude em ações judiciais de internação domiciliar no RN

Ministério Público apura atuação coordenada de empresários, médicos, advogados e servidores públicos que teriam fraudado demandas judiciais e superfaturado serviços de home care custeados pelo Estado

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) deflagrou, nesta quarta-feira (30.abr.2025), a Operação Curari Domi, com o objetivo de desarticular um suposto esquema criminoso envolvendo a judicialização indevida de serviços de internação domiciliar, conhecidos como home care, custeados pelo Estado. A ação é resultado de uma investigação que apura a atuação coordenada de empresários da saúde, médicos, advogados e servidores públicos que teriam se beneficiado de decisões judiciais para obter vantagens financeiras ilícitas.

De acordo com o MPRN, o ponto de partida da investigação foi o aumento expressivo no número de processos judiciais entre os anos de 2015 e 2024, que solicitavam internação domiciliar para pacientes usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante esse período, foram identificadas 976 novas ações judiciais, todas com o objetivo de obrigar o Estado a custear os serviços de home care. Em 2024, os gastos públicos com esses atendimentos domiciliares chegaram a aproximadamente R$ 60 milhões.

Segundo o Ministério Público, as investigações apontam indícios de fraude sistemática nas demandas judiciais. Em muitos casos, os pacientes já estavam desospitalizados, clinicamente estáveis e sob os cuidados da família, o que não justificaria a continuidade dos serviços de internação domiciliar.

Irregularidades identificadas

Entre os indícios apurados, destacam-se:

  • Coincidência de laudos médicos assinados pelos mesmos profissionais para diferentes pacientes;
  • Repetição na contratação de advogados para representar usuários do SUS em situação de hipossuficiência econômica;
  • Representação da empresa fornecedora do serviço pelo mesmo advogado que ajuizou a ação em nome do paciente;
  • Apresentação de valores supostamente superfaturados;
  • Discrepância entre os serviços faturados e os efetivamente prestados;
  • Relatórios de visitas não realizadas;
  • Inclusão indevida de insumos, medicamentos e equipamentos não utilizados ou não prescritos.

O MPRN classifica o caso como uma atuação ilícita e coordenada de diferentes agentes do setor, com fortes indícios de associação criminosa para beneficiar economicamente grupos específicos, em detrimento da correta aplicação dos recursos públicos destinados à saúde.

Mandados cumpridos e material apreendido

A operação contou com o apoio da Polícia Militar do Rio Grande do Norte. Ao todo, participaram da ação dois procuradores de Justiça, 13 promotores de Justiça, 52 servidores do Ministério Público e 56 policiais militares. Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão em residências e empresas nos municípios de Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, São Paulo do Potengi e Mossoró. Também foram apreendidas armas e munições durante a ação.

Todo o material apreendido será analisado pelo MPRN, que poderá ampliar a investigação caso surjam novos elementos que apontem para o envolvimento de outras pessoas no esquema.

Origem do nome da operação

O nome da operação, Curari Domi, é uma expressão em latim que pode ser traduzida como “ser tratado em casa”, uma referência direta ao tema central da investigação: a internação domiciliar. O foco da ação é coibir práticas fraudulentas que comprometam a integridade dos serviços públicos de saúde, especialmente os que envolvem decisões judiciais com impacto direto no orçamento estadual.

Foto: Divulgação/MPRN

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