Com o afastamento de Ednaldo Rodrigues, presidentes de federações estaduais pedem renovação e estabilidade; nome de Samir Xaud surge como favorito à presidência da CBF
Após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), que afastou Ednaldo Rodrigues do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 19 presidentes das 27 federações estaduais divulgaram um manifesto pedindo renovação e estabilidade à frente da entidade. A ação marcou uma articulação nacional em defesa da reorganização institucional do futebol brasileiro.
O grupo de federações também se comprometeu a construir uma candidatura para as eleições convocadas por Fernando Sarney, atual vice da CBF e designado interventor pela Justiça. O manifesto foi assinado por presidentes das federações de 19 estados, incluindo a Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF). Ficaram de fora do apoio inicial as federações do Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Tocantins.
José Vanildo, presidente da FNF, destacou a importância da união entre as entidades estaduais. Segundo ele, é necessário garantir estabilidade jurídica à CBF. “É uma deliberação da maioria das federações e o Rio Grande do Norte no sentido de conceder à CBF e ao futebol brasileiro uma estabilidade jurídica, reconhecimento da sociedade. Isso tudo que atravessa tem que ter um basta. É necessário sim que se adote essas providências e se apure”, declarou o dirigente, que participa das articulações no Rio de Janeiro.

A convocação para um novo pleito ainda não tem data marcada. Nos bastidores, entretanto, o nome de Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF), desponta como um dos mais cotados para assumir o comando da CBF.
Perfil de Samir Xaud agrada federações, mas divide opinião entre clubes
Com 41 anos, Samir de Araújo Xaud é médico especializado em infectologia e medicina esportiva, empresário do setor fitness e proprietário de um centro de treinamento. Em janeiro deste ano, foi eleito para substituir o pai, Zeca Xaud, na presidência da FRF a partir de 2027, com mandato até 2030.

Apesar da eleição já estar garantida para a federação local, caso Samir vença a eleição da CBF, ele não assumirá o cargo em Roraima. O histórico de envolvimento com a gestão esportiva, bem como sua atuação nos bastidores da FRF desde 2023, conta a seu favor. Em 2024, ele trabalhou para atrair investimentos e envolver o poder público no Campeonato Roraimense, o que ampliou sua visibilidade entre os dirigentes estaduais.
Segundo apuração do Estadão, o perfil jovem de Xaud e sua formação técnica são vistos como diferenciais positivos pelas federações. “Não é o momento eleitoral ainda. Não voto. Mas já ouvi falar (do Samir Xaud). Não posso dizer que não conheço. É um ótimo nome, gente boa”, afirmou Fernando Sarney, interventor da CBF, em entrevista ao jornal paulista.
Resistência entre clubes e preocupação com a representatividade
Apesar da simpatia por parte de federações, a possível candidatura de Samir Xaud enfrenta resistência entre clubes consultados. Uma das principais preocupações está relacionada à representatividade da Federação Roraimense de Futebol no cenário nacional. Roraima conta com apenas 10 clubes filiados, dos quais nove votaram em Samir na eleição estadual. O único representante do estado no Campeonato Brasileiro é o Grêmio Atlético Sampaio (GAS), que disputa a Série D.

Há ainda questionamentos sobre a possível interferência política na eventual indicação do nome de Samir. O histórico do dirigente inclui duas candidaturas eleitorais: em 2018, foi candidato a deputado estadual pelo PV, recebendo 2.069 votos; em 2022, concorreu a deputado federal pelo MDB, com 4.816 votos.
Em 2022, Samir também foi sócio de uma empresa prestadora de serviços médicos contratada pela CBF para atuar em apoio aos clubes de Roraima.
Manifesto pede descentralização, governança e transparência na CBF
No manifesto divulgado pelas 19 federações estaduais, os signatários defendem um novo ciclo para o futebol brasileiro, com foco em governança, descentralização e maior participação das entidades regionais. O texto menciona a necessidade de enfrentar desafios estruturais históricos, como calendário desorganizado, arbitragem precária, gramados ruins e insegurança nos estádios.
“O futebol brasileiro vive um momento decisivo. É urgente enfrentar desafios estruturais que há anos limitam o potencial do nosso futebol. […] Precisamos virar a atual página de judicialização e instabilidade que há mais de uma década compromete o bom funcionamento da entidade”, diz o documento.
O grupo também assumiu o compromisso de articular uma chapa única com nomes alinhados ao espírito de renovação, que sejam representantes das federações estaduais. “Queremos uma CBF forte, querida por dentro, admirada por fora — e novamente amada por todos que fazem do futebol a alma do nosso país”, conclui o manifesto.
Foto: Lucas Figueiredo/CBF / Reprodução/FRF / Reprodução/CBF
Com informações do Estadão
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