Presidente brasileiro afirma que convidará pessoalmente o ex-presidente dos EUA para a conferência do clima
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou neste sábado (7.jun.2025) que pretende convidar pessoalmente o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém (PA).
Durante coletiva de imprensa em Paris, Lula afirmou que, se Trump não confirmar presença até perto do evento, fará uma ligação pessoal: “Se até perto [da conferência] o Trump não confirmar que vem, eu, pessoalmente, vou ligar para ele e falar: ‘Ô, cara, Trump, a COP é aqui no Brasil, vamos discutir esse negócio’”, declarou.

A COP30 reunirá chefes de Estado e representantes de quase 200 países para discutir metas e ações de enfrentamento às mudanças climáticas. Segundo Lula, o Brasil está organizando uma reunião preparatória entre os chefes de Estado, com dois dias de antecedência à abertura da conferência, para aprofundar os debates.
Lula destacou a importância da participação dos Estados Unidos na conferência, afirmando que o país “poluiu muito e ainda polui”, referindo-se à responsabilidade histórica das grandes potências industriais nas emissões de carbono.
COP30 será realizada no Brasil
Esta será a primeira vez que a conferência do clima será realizada na região amazônica. Belém sediará o evento entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. A escolha da capital paraense tem como objetivo colocar os desafios da Amazônia e dos países em desenvolvimento no centro do debate climático.
Durante a COP30, os países deverão apresentar metas de redução de emissões mais ambiciosas para cumprir o Acordo de Paris, que estabelece o limite de aumento da temperatura média global em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
Participação dos Estados Unidos e políticas de Trump
Donald Trump, durante seu mandato como presidente dos EUA, anunciou a retirada do país do Acordo de Paris, decisão revertida posteriormente por Joe Biden. Trump também promoveu medidas que flexibilizaram regras ambientais nos Estados Unidos, incluindo a expansão da exploração de combustíveis fósseis.
O governo brasileiro busca garantir a presença de lideranças internacionais, mesmo as mais controversas, como Trump, a fim de fortalecer a participação global no evento e pressionar países desenvolvidos a contribuírem financeiramente com a mitigação das mudanças climáticas.
Lula defende financiamento climático por países ricos
O presidente brasileiro reiterou que os países industrializados têm responsabilidade histórica e devem financiar ações climáticas nos países em desenvolvimento. “O mundo rico tem uma dívida tão contenciosa com o meio ambiente porque se industrializou há mais de 200 anos. Se industrializaram à custa da carbonização do planeta e têm que pagar um pouco agora para descarbonizar”, disse Lula.
Segundo ele, o Brasil pretende liderar o debate sobre justiça climática e financiamento climático durante a COP30.
Investimentos franceses no Brasil
A declaração de Lula ocorreu durante visita oficial à França, onde o presidente também anunciou a previsão de investimentos de R$ 100 bilhões por empresários franceses no Brasil até 2030. A viagem tem como foco o fortalecimento das relações comerciais e políticas com o governo francês.
Licenciamento ambiental
Durante a coletiva, Lula também foi questionado sobre o projeto de lei aprovado no Senado que flexibiliza regras de licenciamento ambiental no Brasil. O presidente afirmou que ainda aguardará a tramitação do projeto na Câmara dos Deputados e que poderá exercer seu direito de veto.
“É muito difícil um presidente da República dar palpite de uma coisa que está sendo votada na Câmara. Eu tenho direito de vetar. Então, deixa acontecer, deixa ver como o debate na Câmara evolui”, afirmou.
Ele destacou que ministros do governo ligados ao tema devem participar do debate com os parlamentares, buscando aperfeiçoamentos no texto.
Críticas ao projeto
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já se manifestou publicamente contra o projeto. Em pronunciamento recente em rede nacional de rádio e TV, ela afirmou que a proposta representa risco à legislação ambiental brasileira. “Não podemos permitir que, em nome da agilização das licenças ambientais, seja desferido um golpe mortal em nossa legislação”, disse.

A tramitação do projeto segue sob atenção de ambientalistas, representantes do setor produtivo e do governo federal, que buscam um equilíbrio entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico.
Foto: Ricardo Stuckert/PR / Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Siga o Por Dentro do RN também no Instagram e mantenha-se informado.