Ex-ministro do Turismo deverá cumprir medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes; investigação envolve tentativa de obtenção de passaporte português para Mauro Cid
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que foi preso na manhã desta sexta-feira (13.jun.2025), em Recife (PE), por suspeita de envolvimento na tentativa de obtenção de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A prisão de Gilson Machado foi realizada por ordem de Moraes no âmbito das investigações sobre a chamada trama golpista que apura articulações contra o resultado das eleições de 2022. Após análise da prisão, o ministro substituiu a medida por restrições cautelares, conforme divulgado por seu advogado, Célio Avelino.
Ex-ministro deverá cumprir medidas cautelares
Com a decisão do STF, Gilson Machado deverá ser solto nas próximas horas, conforme o mandado de soltura já expedido. Em substituição à prisão preventiva, o ex-ministro deverá cumprir uma série de medidas cautelares, entre elas:
- Comparecimento obrigatório à Justiça sempre que solicitado;
- Proibição de manter contato com outros investigados no inquérito da trama golpista;
- Cancelamento do passaporte atual;
- Impedimento de deixar o país sem autorização judicial.
Investigação envolve tentativa de obtenção de passaporte português
A investigação da Polícia Federal aponta que Gilson Machado teria atuado para intermediar a obtenção de um passaporte português para Mauro Cid, que atualmente é delator nas apurações do STF sobre os atos antidemocráticos ocorridos após as eleições de 2022.

Na manhã desta sexta-feira, Mauro Cid prestou novo depoimento à Polícia Federal. Durante a oitiva, o militar negou qualquer intenção de deixar o Brasil. Ainda assim, as investigações indicam que a família de Cid viajou para os Estados Unidos no mês anterior.
Pedido de cidadania portuguesa foi feito em janeiro de 2023
Em março de 2024, o ministro Alexandre de Moraes solicitou esclarecimentos formais a Mauro Cid sobre o motivo do pedido de cidadania portuguesa. À época, a defesa do militar informou que a solicitação havia sido protocolada em 11 de janeiro de 2023, poucos dias após os ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
O advogado Cesar Bittencourt, que representa Mauro Cid, afirmou que o pedido foi feito “única e exclusivamente porque a esposa e as filhas do tenente-coronel já possuem cidadania portuguesa”.
Segundo a defesa, o processo resultou na expedição de uma carteira de identidade portuguesa, entregue ao militar em 2024. O documento, de acordo com o advogado, tem validade apenas como identificação dentro do território português, e não implica automaticamente em autorização de residência ou passaporte válido.
Contexto da investigação
A atuação de Gilson Machado está sendo analisada como parte de uma suposta tentativa de facilitar a saída de Mauro Cid do país. O tenente-coronel firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e é considerado peça-chave nas investigações sobre os bastidores do governo Bolsonaro, especialmente em temas como a minuta do golpe, fraude em cartão de vacinação e articulações paralelas ao sistema de Justiça.
Com a soltura de Gilson Machado, o processo seguirá sob acompanhamento do STF, com monitoramento das medidas cautelares impostas. A Polícia Federal continua a apurar os desdobramentos da tentativa de obtenção de documentos portugueses, bem como o possível envolvimento de outras pessoas na iniciativa.
Foto: Roberto Castro/Mtur / Isac Nóbrega/PR
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