Lucro líquido caiu 66% no segundo trimestre; perdas com crédito somam R$ 20 bilhões e previsão anual foi revisada
Banco do Brasil registra queda de lucro e alta na inadimplência
O Banco do Brasil apresentou queda de 66% no lucro líquido do segundo trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado representa a segunda retração consecutiva, após uma redução de 24% no primeiro trimestre. Enquanto bancos privados como Itaú, Bradesco e Santander registraram crescimento nos lucros, o Banco do Brasil enfrenta dificuldades, especialmente no setor do agronegócio.
A instituição ampliou o volume de crédito rural sem garantias robustas, o que contribuiu para o aumento da inadimplência. O índice chegou a 3,5%, o maior desde o início da pandemia. Em março de 2020, o valor total de parcelas atrasadas há mais de 90 dias era de R$ 6,5 bilhões. Atualmente, esse montante subiu para R$ 12,5 bilhões, classificados como NPL (non-performing loan), ou empréstimos não produtivos.

Além do agronegócio, outros setores também apresentaram dificuldades de pagamento. No primeiro semestre de 2025, o banco já contabilizou perdas de quase R$ 20 bilhões em sua carteira de crédito. O volume é superior ao registrado em períodos críticos anteriores, como durante o governo Dilma Rousseff.
A previsão de lucro líquido para o ano, inicialmente estimada entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, foi revisada para um teto de R$ 25 bilhões. Analistas do mercado financeiro indicam que os resultados podem ser ainda mais baixos, diante do cenário atual.
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) sofreram forte desvalorização. Em maio, após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, os papéis caíram mais de 30%, encerrando o pregão de 14 de agosto a R$ 19,85. A queda ocorreu antes mesmo da divulgação oficial do balanço do segundo trimestre.
Segundo informações publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo, analistas revisaram as projeções de lucro e colocaram as recomendações das ações do Banco do Brasil em avaliação. A instituição enfrenta pressão para reavaliar sua política de crédito e mitigar os riscos associados à inadimplência.
O desempenho negativo do banco público contrasta com os resultados dos principais bancos privados, que mantiveram crescimento mesmo em um cenário econômico desafiador. A diferença é atribuída à gestão de risco e à concessão de crédito com garantias mais sólidas.
O Banco do Brasil não divulgou novas medidas para conter a inadimplência ou recuperar os valores perdidos. O mercado segue atento às próximas movimentações da instituição e às atualizações nas projeções financeiras.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Siga o Por Dentro do RN também no Instagram e mantenha-se informado.







